Um sistema de tratamento químico norte-americano promete revolucionar o segmento sucroenergético brasileiro, mais notadamente para impulsionar a produção de etanol no país. Desenvolvido nos Estados Unidos com o objetivo de melhorar a produção de etanol de milho, o sistema foi adaptado à cana-de-açúcar tupiniquim há dois anos. “Os sistemas de tratamento objetivam aumentar a produtividade no processo de fermentação em unidades produtoras de etanol, tanto contínuo como por batelada.Este tratamento entre outros benefícios, promove o aumento da produção de etanol de aproximadamente 2% a valores superiores a 5%, para a mesma quantidade de matéria-prima utilizada (mesmo mosto utilizado para a fermentação)”, confirmaoo presidente da Triton Chemicals, André Schenka, responsável pela novidade.
O especialista revela que o Brasil produziu em 2011 cerca de 22,8 bilhões de litros de etanol e com o aumento da produção de etanol entre 3% e 5% nas unidades, sem a adição de mais matéria-prima, serão produzidos a mais pela contribuição do tratamento, algo entre 680 milhões a 1,14 bilhões de litros de etanol. “Consequentemente, se aumentarmos a produção de etanol nestas usinas entre 3% e 5% sem a adição de mais matéria-prima (mesma quantidade de cana passando pelas moendas), poderemos reduzir a geração de vinhaça em aproximadamente de 6 a 11 bilhões de litros”, diz.
Segundo o presidente da empresa, a tecnologia dispensainvestimentos em máquinas, equipamentos ou em outros setores da produção. “Não será necessária à expansão da unidade de fermentação ou outra parte do processo de produção na Usina. Também nãoserá necessário investimento no campo, quer seja em aquisição de terras, mudas, insumos, maquinas e equipamentos agrícolas. Enão será necessário acrescentar mais mosto para a fermentação ou qualquer outro tipo de insumo no processo. Estamos falando de mais etanol com a mesma quantidade de cana”, garante.
Ele afirma que pelo processo de produção de etanol pelo milho ser diferente do processo proveniente da cana, foram necessários estudos aprofundados para a empresa obter os parâmetros necessários e os bons resultados atuais. “As alterações foram sensíveis na forma de aplicar, assim como, na reengenharia do tratamento.O sistema prevê o tratamento em diversos pontos do processo de fermentação, que alteram a concentração e/ou frequência de aplicação do produto aplicado. As alterações mencionadas (concentração, local de aplicação e frequência) levam em consideração, por exemplo, o nível de contaminação por bactérias existente em cada parte do processo de fermentação, a formação do biofilme, a formação de incrustações orgânicas e/ou inorgânicas, entre outras variáveis.Este acompanhamento deverá ser realizado quase que em tempo real, pois estas variáveis são função do tipo de cana (com mais ou menos contaminação orgânica e/ou inorgânica), temperatura, umidade, etc. e que variam com certa regularidade, principalmente no que se refere às condições climáticas. O sistema de aplicação do tratamento poderá permitir o acompanhamento no tempo certo para auxiliar na prevenção e correção das intercorrencias indesejáveis quando estas existirem”, explica.
Schenka explica ainda que a família de produtos utilizada nos tratamentos são constituídas por emulsões poliméricas fabricadas com matérias-primas de origem alimentícia, consideradas como “GRAS” (Generally Recognized as Safe) segundo denominações do FDA.Este é um sistema/tratamento que atua diretamente no processo de fermentação e com benefícios diretos em outras áreas do processo que envolve a fermentação e a destilação”.
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Apesar de não confirmar quequatro usinas no Brasil aplicam o produto e outras oito estão avaliando resultados em laboratórios, o presidente da Triton, revela que a tecnologia jáé uma realidade neste setor e que os próximos passos estão focados na ampliação dos benefícios dos clientes que já se utilizam o tratamento e nos demais ainda em fase de testes em laboratório. “Observamos também que outros benefícios são obtidos simultaneamente aos mencionados anteriormente, entre eles, a redução importante da produção de vinhaça, e consequentemente redução expressiva dos custos de logística para o retorno desta ao campo, assim como, a adequação necessária dos aspectos ambientais.Considerando os aspectos ambientais, lembramos que para a produção de um litro de etanol, são gerados aproximadamente 12 litros (ou mais) de vinhaça e que retornam ao campo. Notamos ainda o aumento da produção de etanol pela redução do tempo de fermentação, redução de parte dos insumos utilizados no processo de fermentação, aumento da eficiência de transferência de calor nos trocadores utilizados no processo de fermentação e nas colunas de destilação, com a possibilidade de redução do consumo de energia aplicado nestas unidades, aumento da vida dos equipamentos e materiais envolvidos na produção de etanol devido a redução da corrosão em função da bioincrustação minimizada e eliminação do uso de produtos diversos e outras substâncias agressivas, tais como a soda, para a limpeza das colunas de destilação, dornas e dos trocadores de calor entre outras partes do sistema, melhorando o ambiente de trabalho, assim como, o meio ambiente”, enfatiza.
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