Com o preço elevado do etanol e a alta carga de impostos, a procura pelo produto tem sido cada vez menor nos postos de combustíveis em Minas Gerais. Segundo o presidente regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) em Uberaba, José Antônio Nascimento Cunha, o preço, em alta nos últimos dois anos, deixa o produto em desvantagem em relação à gasolina. “Tem mais de um ano que não compensa e, ultimamente, a venda do etanol está só diminuindo, principalmente na divisa do estado porque as pessoas abastecem no estado de São Paulo”, afirmou.
Sem perspectiva de melhorar o preço o radialista David Tchaicoviski enche o tanque uma vez por semana em Igarapava, no interior de São Paulo. A viagem de cerca de 45 quilômetros é recompensada em economia no fim do mês. “A diferença de um estado para o outro é que o imposto é diferente e sempre em São Paulo o combustível está mais barato. Desde o ano de 2006 eu tenho esse costume de ir ao estado de São Paulo para abastecer meu carro”, finalizou.
Ainda segundo José Antônio, outro motivo é o peso da carga tributária. A taxa do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o preço do etanol no estado é de 19%, enquanto em São Paulo é de 12%. “Temos tentado junto ao governador diminuir o imposto do etanol para contrabalançar com os estados de São Paulo e Goiás onde o imposto é mais barato”, explicou.
Para o presidente da federação que representa o setor sucroalcoleiro no estado, Altamir Roso, além do imposto alto, o clima atrapalhou a safra de cana e o reflexo chegou às bombas. “Nós tivemos nos últimos dois anos uma quebra de safra em torno de 10% em função das condições climáticas. Tivemos pouca chuva nesses períodos, então, essa queda de 10% também vem influenciar este custo final do produto”, disse.
Em relação ao imposto, a situação já esteve pior, segundo Altamir. “O ICMS já foi de 25% no estado de Minas Gerais contra 12% no estado de São Paulo. Vem sendo feito um trabalho do setor junto ao governo do estado no sentido de sensibilizar o governo para que ele promova essa queda no ICMS. Então nós já caímos de 25% para 19%”, contou.