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Biosev investe em fábrica de ração em Minas Gerais

A Biosev, braço da francesa Louis Dreyfus Commodities e segunda maior produtora de açúcar e etanol do país, investiu R$ 4 milhões na construção de uma fábrica de ração anexa à usina sucroalcooleira Lagoa da Prata, localizada em município mineiro de mesmo nome. Segundo o diretor-presidente da Biosev, Christophe Akli, é a terceira unidade de ração da empresa. As outras estão acopladas a duas usinas em Morro Agudo (SP).

O executivo explica que a atividade “alimentação animal” será incluída na razão social da Biosev, mas esclarece que não se trata de uma atividade comercial, como é a produção de açúcar, etanol e eletricidade. A produção de ração, continua, é um instrumento para desenvolver parcerias com pecuaristas. A usina usa os suprodutos da cana, como melaço líquido, creme de levedura e bagaço, para fabricar ração animal e fornece aos pecuaristas para que convertam a criação extensiva pelo confinamento. “A gente fatura basicamente a ração pelo custo de produção. Com isso, o produtor rural consegue liberar área para arrendarmos sem sair da pecuária”.

Em Lagoa da Prata, a parceria arregimentou centenas de pecuaristas leiteiros, que somam uma área de 10 mil hectares que deverá 700 mil toneladas de cana, segundo Akli. Com isso, a unidade, que processava 2,5 milhões de toneladas, vai moer no próximo ciclo 3,2 milhões de toneladas da matéria-prima.

A fábrica já está pronta e deve começar a operar logo que for adicionada à razão social da Biosev a atividade de produção de alimentação animal, segundo Akli.

A produção de ração é uma atividade que existe desde 1986 na usina Vale do Rosário e também foi implantada alguns anos depois na usina MB, ambas localizadas em Morro Agudo e, na época, controladas pelo grupo Vale do Rosário, cujo controle foi adquirido em 2009 pela Dreyfus.

A capacidade total de produção de ração das três fábricas é de 90 mil toneladas por ano. O produto alimenta 40 mil animais por ano, entre bovinos de corte, gado leiteiro e ovinos. Em torno de 5 mil cabeças, explica Akli, são confinadas em uma das usinas, em uma modalidade apelidada de “boitel”, explica o executivo. “O parceiro leva o boi magro para a usina, nós o engordamos com a ração e depois devolvemos para ser vendido para abate”, detalha.

O projeto de implantar uma fábrica de ração também em Lagoa da Prata se deveu, segundo Akli, às dificuldades de ampliar a área de cana-de-açúcar no entorno da usina. “Como a safra se dá no período de forte seca para a pecuária local, percebemos que uma fábrica de ração traria uma complementaridade ao pecuarista”, explicou.

Ainda não há decisões tomadas, mas a empresa pode estender esse modelo de parceria em outras unidades do cluster “São Paulo norte”, localizada ao norte de Ribeirão Preto até Minas

Gerais. Nesse polo, além das três unidades já com fábrica de ração, a empresa tem mais uma usina, a Continental, no município paulista de Colômbia.

A produção de ração consome 1% da produção total de bagaço de cana das 13 usinas do grupo. O restante, segue para produção de energia. Em Lagoa da Prata, a planta de cogeração com capacidade para 45 Megawatts entrou em operação neste ano e a de Rio Brilhante, em março do ano que vem.