A quase um mês do fim da safra de cana-de-açúcar da região Centro-sul, a colheita do produtor José Rodolfo Penatti ainda está pela metade. Desde 20 de julho ele não pode promover nenhum tipo de queimada nos 100 hectares de sua propriedade, em Piracicaba, sob pena de multa diária. “Virou um inferno”, lamenta o agricultor, que tinha prazo até 2017 para acabar com a queima da cana.
Penatti conta que, nessa época do ano, já era para ter entre 70% e 80% da safra colhida. “Mas não estávamos preparados para fazer o corte da cana crua ou mecanizada, que deveria ocorrer apenas em 2017.” Ele explica que, para colocar uma máquina num canavial, o produtor precisa adaptar a plantação de uma forma que não reduza o nível de sacarose nem prejudique a produtividade da próxima safra.
Além disso, argumenta o agricultor, o corte da cana crua é mais difícil para o trabalhador. “Isso significa que precisamos de mais gente e mais tempo para fazer a colheita.” Penatti explica que um trabalhador que antes cortava 9 toneladas de cana agora só consegue colher 5 toneladas de cana crua. “Nossos custos aumentaram, enquanto o preço da cana caiu (de R$ 70 para R$ 64 a tonelada).”
A Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo tem atuado junto com a Secretaria de Agricultura para tentar suspender as decisões do Ministério Público Federal. Até agora, no entanto, dois pedidos foram negados – um deles é o da região onde está a propriedade de Penatti, em Piracicaba -, um foi suspenso e outro está aguardando o julgamento de recurso de apelação interposto pelo Estado. / R.P.