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EUA viram alternativa para o álcool brasileiro

O estímulo para o álcool brasileiro pode vir dos Estados Unidos. Os norte-americanos têm interesse em importar mais, pois têm metas de elevar a participação do chamado etanol avançado, mais eficiente na redução dos gases que provocam o efeito estufa. “Esse etanol avançado é proveniente da cana-de-açúcar e o Brasil é o único que produz esse tipo, em escala de exportação”, afirmou o presidente da Sociedade Corretora de Álcool (SCA), Martinho Ono. Ele participou ontem do último dia da 12ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, em São Paulo.

Segundo Ono, a demanda mundial é crescente, mas a busca é por um etanol mais sustentável. “Esse momento abre uma enorme possibilidade para o Brasil exportar. Nós já temos cem empresas com as certificações exigidas pelos Estados Unidos e faço um apelo para que mais empresas se certifiquem”, destacou Ono.

O novo cenário abre mercado para o álcool anidro, que é o usado na mistura da gasolina e o exportado. Só a demanda dos Estados Unidos é estimada em 500 milhões de litros para o ano que vem. Além disso, outros 2 bilhões de litros serão demandados quando entrar em vigor o aumento do percentual do anidro na gasolina, que subirá de 20% para 25%.

Com o potencial de maior remuneração do anidro e perda de competitividade do hidratado – tipo usado para abastecer diretamente os veículos – a indústria já começa a se movimentar para investir na produção do anidro. “O anidro já remunera 11% a mais, mas pode remunerar ainda mais. Para isso, o governo tem que tirar a indexação dele ao hidratado, assim, a remuneração será ainda maior”, destacou Ono.

No Estado. Em Minas Gerais já é possível ver a adaptação do setor. Algumas usinas no Centro-Oeste do Estado, como a Agropéu, em Pompéu, e a de Luciânia, do grupo Louis Dreyfus, em Lagoa da Prata, já estão produzindo apenas anidro e açúcar. “Temos no Estado algumas empresas que já estão certificadas para atenderem aos Estados Unidos e temos visto investimentos em colunas de anidro”, afirmou o secretário-executivo da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos.

Nos últimos quatro anos, participação do anidro no volume total de álcool produzido no Estado subiu de 26% para 40%. Na safra de 2008/2009, do total de 2,13 bilhões de litros, 570 milhões foram de anidro. Para 2012, a previsão é de 818 milhões de litros, um aumento de 44,5% Já o hidratado, que na safra de 2008/2009 teve produção de 1,56 bilhão de litros, cairá para 1,23 bilhão neste ano, queda de 20,8%.