Os produtores de cana-de-açúcar no País, da Bunge Ltda. à São Martinho S.A., estão propondo a construção de fábricas para converter suas colheitas em químicos usados em produtos tão variados quanto cremes faciais e lubrificantes industriais.
Uma parceria entre a Bunge e a norte-americana de biotecnologia Solazyme Inc. vai começar a produzir óleos a partir de açúcar no final de 2013.
A produtora de cana-de-açúcar Paraíso Bioenergia vai abrir a primeira planta dessas matérias-primas, incluindo substituto para óleo de fígado de tubarão usado em cremes.
A unidade deve ser lançada até o final do ano e será feita em conjunto com a Amyris Inc., que tem sede em Emeryville, Califórnia. A São Martinho e a ETH Bioenergia S.A. estão planejando instalações semelhantes dentro dos próximos dois anos.
Apesar de o uso de produtos agrícolas na fabricação de químicos renováveis enfrentar ceticismo de alguns investidores globais, a iniciativa tem ganhado mais atratividade no Brasil depois que os preços do açúcar caíram 13% no último ano e o etanol recuou 12%. A Amyris acumula queda de 74 por cento neste ano depois de adiar a fábrica em parceria com a São Martinho e devido a preocupações de que seus projetos não conseguirão alcançar a escala necessária para serem lucrativos. A Solazyme recuou 12% este ano.
“Esta é uma oportunidade incrível para produtoras de cana se a tecnologia estiver correta”, disse Steven Slome, consultor da Nexant Inc., em entrevista por telefone. As companhias “podem conseguir dobrar a receita obtida com a mesma matéria- prima”.