“Vivemos um período em que não há líderes no governo, nem aqui, nem no mundo. Exemplo disso foi a Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro – tão importante evento e que não deu em nada”.
As palavras são do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que nesta segunda-feira (17/09), falou sobre as perspectivas do setor sucroenergético e do papel do produtor de cana-de-açúcar em Recife (PE).
Segundo ele, que atualmente é embaixador Especial da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) para o Ano Internacional do Cooperativismo, o cenário brasileiro é resultante da total falta de estratégia do governo, já que crises podem surgir, mas num setor como o sucroenergético, há meios de se amenizar.
“O setor perdeu a confiança e é difícil trabalhar assim. Vocês, que fazem parte dele, não sabem a força que possuem. É impossível viver com algo desequilibrado, e infelizmente, é o que nos mostra a atual situação”.
Outro ponto abordado foi a questão da gasolina, que por questões inflacionárias, segue com seu preço estagnado há anos. “Tenho certeza que se governo liberasse e o combustível fóssil aumentasse em 10%, boa parte dos problemas do setor seriam resolvidos. Tem momentos que me pergunto até onde a democracia é funcional, já que vemos a China e a Rússia crescerem. Nós, brasileiros, estamos estagnados”, indagou.
Em ano eleitoral, Rodrigues fez um alerta ao público. “Existe também outro problema no país. Aqui, abastecimento rende votos, ou seja, é nessa área que o governo investe. Já a produção, não. Como resultado, temos o aumento da demanda e a queda da oferta”, completou.
Apesar de tudo, ele acredita que a médio/longo prazo a situação pode mudar. Em sua opinião, é preciso rever as questões tributárias, viabilizar financiamentos e criar estratégias eficientes. “Estou esperançoso em relação a retomada de crescimento. Tive uma conversa com o ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, e levei alguns pontos que precisamos mudar até ele. Não podemos jogar fora todo o setor por conta do pré-sal”.