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Setor e governo mantêm embate sobre etanol e gasolina

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A falta de políticas públicas, a queda nos preços do açúcar, principalmente na Bolsa de NY, e a falta de competitividade do etanol em relação à gasolina, desanimam o setor. O governo procrastina soluções concretas que podem estimular uma retomada de crescimento. Recente encontro entre porta-vozes do segmento sucroenergético e do governo, organizado para discutir os rumos do setor, demonstrou que uma “nuvem negra” está pairando sobre o setor, informa Arnaldo Corrêa, gestor de riscos e diretor da Archer Consulting.

De acordo com ele, neste momento em que o setor sofre enorme sangria no fluxo de caixa, em virtude da fraca demanda do etanol – provocada principalmente pelo congelamento do preço da gasolina pelo governo federal, desde 2005 – esperava-se que o governo proporcionasse uma medida para solucionar este problema. No entanto, representantes do governo solicitaram aos produtores que apresentassem uma solução.

“Além de deixar toda a responsabilidade de encontrar uma solução para este momento de crise nas mãos do setor, o governo espera que ao mesmo tempo, os produtores atraiam investidores, retomando o crescimento, sem que haja uma medida eficiente de sua parte, como, por exemplo, a alteração no preço da gasolina ao consumidor. Isso é impossível”, observa.

Para Arnaldo Corrêa, a intenção do governo de incorporar um subsídio ao preço do etanol é inviável. “Essa história de subsídio, se levada adiante, vai ser um tiro no pé do setor. Vai jogar a opinião pública, que nunca morreu de amores pela indústria sucroenergética, contra os produtores. E, pior, não vai atrair novos investimentos, porque sem regras claras de mercado, não há investidor consciente que se aventure a botar dinheiro em um produto cuja formação de preços é manipulada pelo governo”, alerta.

O consultor acredita que não haverá cana suficiente para atendera demanda dos próximos dois ou três anos, que será potencializada pelo aumento de vendas de veículos novos. E com o setor sem condições de produzir este etanol, o subsídio agregaria um conceito de incompetência para a opinião pública, prejudicando ainda mais o setor.

“Os problemas logísticos que o setor enfrentará com a importação de gasolina, distribuição de diesel e outras mazelas decorrentes da profunda situação caótica que o Brasil tem por toda sua malha de infraestrutura, devem gerar uma crise sem precedentes na história dos combustíveis no Brasil”, finaliza Arnaldo Corrêa.

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