Mercado

DuPont coloca fichas no Brasil para crescer

O Brasil deve assegurar à DuPont metade do crescimento global esperado com a venda de novos agroquímicos nos próximos anos, o suficiente para mais do que dobrar a receita da divisão agrícola da múlti no país.

De acordo com Mario Tenerelli, vice-presidente de Produtos Agrícolas para o Brasil, nos próximos “cinco a seis anos”, a DuPont espera engrossar em US$ 1,2 bilhão seu faturamento global com o lançamento de um novo grupo de moléculas descobertas pela companhia. A expectativa é que pelo menos US$ 600 milhões sejam faturados aqui.

Trata-se de uma meta ambiciosa. Em 2011, as vendas domésticas de defensivos agrícolas somaram US$ 550 milhões – um crescimento anual de 27%. Em todo o mundo, a divisão agrícola da DuPont faturou pouco mais de US$ 3 bilhões no período. O número exclui os negócios da Pioneer, unidade de sementes da companhia, que faturou US$ 6,03 bilhões na última temporada.

Mesmo após o forte crescimento dos últimos anos (o mercado doméstico dobrou de tamanho desde 2005), “as perspectivas para o Brasil continuam extremamente positivas”, anima-se Tenerelli. “Serão os cinco ou seis melhores anos da DuPont em defensivos”, aposta. Para o executivo, a expansão da área plantada nos próximos anos deve assegurar o aumento das vendas.

Só as lavouras de soja, cultura que responde por metade da receita da múlti com agricultura no Brasil, devem avançar em cerca de 10 milhões de hectares até o fim da década, um aumento de 40% em relação ao ano passado. Só na safra 2012/13, projeta, a área deve crescer mais de 2 milhões de hectares, para pouco mais de 27 milhões. A área de milho também de deve crescer “de forma atraente” – cerca de 4 milhões de hectares ou 26%, para 19 milhões de hectares

Apesar do momento desfavorável para o setor, a DuPont também aposta suas fichas na cana-de-açúcar. “Sabemos que há vários desafios econômicos e agrícolas de curto prazo, mas o Brasil precisa do etanol em sua matriz energética e essa tendência vai se sobressair sobre as demais”, afirma Tenerelli. De acordo com ele, o país precisa dobrar sua produção de cana para fazer frente à demanda doméstica por álcool.

Para o executivo, o crescimento do mercado brasileiro deve acontecer em um momento no qual a empresa começa a “colher os frutos” de seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento nos últimos anos. “Só no Brasil, vamos lançar no mínimo dois novos produtos em cada um dos próximos seis anos”, afirma. Globalmente, a DuPont investe cerca de US$ 250 milhões por ano em pesquisa e desenvolvimento.

A expectativa da companhia é reforçar principalmente o portfólio de inseticidas (categoria que responde por aproximadamente 40% das vendas no Brasil) para soja, milho, café e hortifruti. A categoria deve responder por metade dos lançamentos esperados. “Em sua pesquisa, a DuPont foi muito bem sucedida na descoberta de novos inseticidas. São produtos de impacto ambiental muito menor, doses baixas e menos resíduos”, garante. Os novos defensivos devem garantir a entrada em dois segmentos nos quais a empresa ainda não atua: o de tratamento de sementes e o de pastagens.

O executivo não revela a previsão de crescimento para 2012, mas pondera que a meta é crescer “um ou dois pontos percentuais acima do mercado”. De acordo com o Sindag, entidade que representa os fabricantes de defensivos, o mercado deve crescer entre 3% e 5% neste ano em receita. Em 2011, a DuPont participou com 6,5% das vendas nacionais de defensivos, que somaram US$ 8,7 bilhões.