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Pesquisador faz projeções para a demanda e geração de energia

Projeções para a demanda e geração de energia para as próximas décadas foram apresentadas na palestra “Agroenergia: uma visão do futuro da tecnologia”, ministrada pelo pesquisador da Embrapa Soja, Décio Luiz Gazzoni, durante o VI Congresso Brasileiro de Soja, que ocorre em Cuiabá (MT). O pesquisador mostrou o aumento da demanda por energia renovável no mundo, em detrimento do uso de combustíveis fósseis. Segundo ele, a matriz energética passará por grandes mudanças até o fim do século, com a adoção de novas tecnologias e implantação de novos processos, que possibilitarão a utilização de fontes de origem vegetal, eólica e solar.

“O que enxergo são ondas que virão nos próximos 50, 60, 70 anos. A primeira é esta que estamos vivendo, com biodiesel e bioetanol. Mas ela não se sustenta por muito tempo por uma série de motivos”, explica Gazzoni, para quem novas tecnologias surgirão para aumentar a competitividade das produções.

Além disso, o pesquisador destaca a necessidade de se investir em pesquisas para melhoramento genético de matérias-primas vegetais e para adaptação das espécies para melhor rendimento na geração de bioenergia.

“As matérias-primas que estamos utilizando foram desenvolvidas para alimentos e fibras. A cana-de-açúcar foi desenvolvida para produzir açúcar e não para etanol. A soja não foi desenvolvida para biodiesel. Elas foram apropriadas para estes usos. Então virá uma nova geração com mudanças de tecnologias agronômicas e de tecnologias industriais e novos biocombustíveis como a biogasolina, o diesel vegetal e bioquerosene”, prevê.

De acordo com Décio Gazzoni, há uma grande tendência de adoção da eletricidade como fonte energética, como já vem ocorrendo nos transportes, por exemplo. Até lá, o setor agropecuário terá importante papel para a geração de biocombustíveis. “Temos uma janela de oportunidades em que temos de ser o mais eficientes possível, ter as melhores matérias primas, mais eficientes, com maior produtividade, maior competitividade, maior margem, para aproveitar esta janela, pois ela vai fechar daqui a 30, 50 anos”, explica.

Entretanto, o pesquisador aponta um grande desafio científico que é o desenvolvimento de um biocombustível líquido para o mercado aeronáutico capaz de substituir o querosene oriundo do petróleo. “O grande mercado será a aeronáutica. Quem primeiro conseguir produzir um biocombustível em grande quantidade e com preço competitivo com o querosene, pega este mercado. E este mercado é fabuloso”, destaca o pesquisador da Embrapa Soja.

Marco legal do biodiesel

Durante sua palestra, Décio Luiz Gazzoni revelou a intenção do governo federal de modificar o marco legal do biodiesel. Com isto, até 2020 o Brasil passará dos atuais 5% para 10% a mistura de biodiesel ao diesel utilizado no país. Com esta alteração, a expectativa é de que aumente em até 130% a demanda por biodiesel no mercado interno. De acordo com o pesquisador, a curto prazo, a soja, que hoje é a origem de 85% do biodiesel produzido no país, permanecerá sendo a principal matéria prima. Porém, ele ressalta a importância de se diversificar as alternativas de fontes de bioenergia.

“Torço para o sucesso do programa do dendê porque é uma maneira de produzir óleo de alta qualidade a baixo custo, em grande quantidade. Eu gostaria de ver a soja paulatinamente diminuindo sua participação nesta oferta. Mas isso só irá acontecer quando tiver oferta de outros óleos. O que eu vejo como viável para produzir em grande quantidade a curto prazo é o dendê”, explica o pesquisador, receoso com a dependência extrema de apenas uma cultura.

Embrapa Soja