O diretor financeiro da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou ontem que a companhia irá “mexer no preço dos combustíveis o mais rápido possível”, reconhecendo que há uma defasagem nos valores praticados pela estatal em relação às cotações internacionais dos derivados de petróleo.
A declaração foi feita durante teleconferência com investidores internacionais, na qual a política de preços da empresa foi abordada com insistência pelos analistas estrangeiros. Eles queriam saber os motivos da redução de 18% no lucro da companhia.
Ao divulgar o balanço na semana passada, Gabrielli afirmara que o fato de o governo FHC ter “segurado” os reajustes dos combustíveis durante o período eleitoral foi um das causas da queda.
A última mudança dos preços dos derivados nas refinarias da Petrobras ocorreu na virada do ano. Na época, a gasolina subiu 12,8% e o gás de cozinha, 7,7%.
Pelos cálculos da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), a Petrobras vende a gasolina 1% mais barata do que no golfo do México, principal referência adotada pela estatal para balizar seus preços.
Ontem, o diretor da Petrobras não disse de quanto serão os reajustes, quando eles virão ou ao menos qual é o tamanho da distância entre os preços internos e os externos.
Disse apenas que no último trimestre o valor médio na refinaria (que remunera a estatal, excluído de impostos) subiu 20,12%, como reflexo dos reajustes ocorridos após as eleições. No balanço de 2002, porém, o aumento médio dos combustíveis nas refinarias foi de 7%.
Para os postos, no entanto, o aumento foi maior: a alta média de 16% no ano passado impulsionou o lucro da BR Distribuidora, que cresceu 80,5% em 2002. O resultado passou de R$ 374 milhões para R$ 675 milhões.
Também fez crescer o lucro da BR uma receita extraordinária obtida com a venda de participações em 13 companhias estaduais de gás para a sua controladora, a Petrobras. A operação gerou um impacto positivo de RS 334 milhões no resultado de 2002. (www.folha.com.br)