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HSBC vê oportunidade no setor de açúcar e álcool na Bovespa

As ações da Cosan e da Tereos apresentam oportunidades interessantes de investimentos no setor de açúcar e álcool, avalia o HSBC em um relatório. Segundo os analistas, apesar da previsão de uma forte produção e manutenção de preços do açúcar, a desvalorização do real deve compensar as perdas para os produtores brasileiros.

“Neste ano, o superávit global deve ser mais baixo do que o do ano passado devido a quedas marginais na Índia e na Ásia. No entanto, quanto aos produtores brasileiros, a desvalorização do real deve compensar a queda dos preços mundiais do açúcar e resultar em preços realizados estáveis e margens ainda sólidas”, afirmam Pedro Herrera, Diego Maia e Ravi Jain.

A mais antiga representante do setor na bolsa entre as analisadas do banco é também a que mais diversificou a sua plataforma de negócios. O movimento mais recente nesse sentido foi a compra de um participação na Comgás por US$ 1,8 bilhão da BG Group em maio.

“Gostamos da aquisição da Comgás e a incorporamos em nossa avaliação. Nós a consideramos favorável para os lucros, resultando em uma estrutura de capital mais eficiente. Agora, nenhum segmento da Cosan representará mais de 35% a 40% dos fluxos de caixa consolidados”, ressaltam os analistas.

A recomendação de alocação acima da média (overweight) foi reiterada e o preço-alvo elevado de R$ 34 para R$ 38. A Tereos tem um perfil defensivo e pode estar um pouco esquecida pelo mercado, apontam os analistas.

Para eles, em um cenário de recuo dos preços do açúcar, a empresa seria menos afetada que uma exclusivamente de açúcar e álcool porque se diversificou com o segmento de amido e etanol na Europa. Além disso, lembra o HSBC, a empresa tem maior exposição à cana-de-açúcar de terceiros, o que resulta em uma redução de custos no caso da queda dos preços do açúcar.

O HSBC tem a recomendação overweight aos papéis. O preço-alvo subiu para R$ 4,50.

Com as ações muito ligadas ao preço do açúcar – o HSBC calcula uma correlação das ações com a commodity em 0,82 – a San Martinho fica muito exposta à volatilidade, o que prejudica a recomendação para os papéis, explicam os analistas. Além disso, a liquidez na Bolsa é baixa, com a média em torno de 2 milhões de reais por dia.

O banco explica ainda que a São Martinho possui muitas terras de valor e que por isso negocia com margens mais elevadas que as do setor. “Acreditamos que, a menos que o valor dessas terras seja monetizado de alguma forma [do tipo venda e arrendamento], elas não devem ser acrescentadas como um componente em separado do valor da empresa”, afirmam.

A recomendação é neutra. O preço-alvo é de R$ 23,50.