A insegurança sobre o papel do etanol na matriz energética nacional será inteiramente superada somente quando o governo definir políticas públicas claras, que assegurem competitividade no mercado nacional de combustíveis. A ideia, frequentemente defendida por lideranças do setor sucroenergético brasileiro, foi reforçada pelo diretor técnico e presidente interino da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antônio de Pádua Rodrigues, durante o Sugar & Ethanol Summit, Brazil Day 2012, evento realizado pelo Ministério das relações Exteriores (MRE) em parceria com a consultoria Datagro, em Londres, Inglaterra.
“Existe um déficit de seis bilhões de litros na oferta de combustíveis no Brasil, problema causado pela baixa produção de cana e pouca competitividade do etanol nas bombas. Por isso, em algum momento, o Governo terá de sinalizar políticas que atraiam investimentos para o setor”, alertou Rodrigues, em sua apresentação. O evento, que reuniu representantes da indústria de biocombustíveis e do mercado financeiro, foi patrocinado pela Unica, Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Fórum Nacional Sucroenergético e o Rabobank.
Entre as medidas citadas e que poderiam ser adotadas, estão a revisão da carga tributária que incide sobre o etanol e a unificação, em todo o País, da alíquota do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrada sobre o etanol. Segundo a Unica, estas são ações fundamentais para que a indústria sucroenergética consiga acompanhar a crescente demanda por combustíveis no Brasil e no mundo. Para isso, será preciso dobrar a produção de cana até 2020, elevando a moagem para além de 1,2 bilhão de toneladas por ano.
Além da questão tributária, outro fator que influenciou fortemente a queda de competitividade do etanol nos últimos três anos foram as péssimas condições climáticas, o que acabou elevando os custos de produção. A situação foi alvo de amplo debate, com participação de Luiz Roberto Pogetti, presidente do Conselho de Administração da Copersucar, a maior comercializadora dos produtos derivados da cana no Brasil. O executivo, que também integra o Conselho Deliberativo da Unica, embora otimista, acredita que a queda dos custos será um processo gradativo e deverá acontecer nos próximos três anos.
Durante a reunião de cúpula Sugar & Ethanol Summit, a assessora sênior da Unica para Assuntos Internacionais, Geraldine Kutas, aproveitou para mostrar que a experiência brasileira seria um grande diferencial para ajudar a União Europeia (UE) a atingir as metas estabelecidas pela Diretiva Europeia sobre Energias Renováveis (RED).