A indústria voltada para a produção de açúcar e álcool vem enfrentado nos últimos anos dificuldades em relação ao período de renovação e expansão dos canaviais, além de problemas climáticos que barram o crescimento do setor.
Visando incentivar o crescimento deste, assim como para demais áreas agrícolas, o governo vem criando medidas de incentivo. Neste sentido, foi anunciado nesta quinta-feira (28) pela presidente Dilma Rousseff o Plano Agrícola e Pecuário. Entre as propostas, o plano disponibiliza na safra 2012/2013, com início em julho, R$ 115,2 bilhões em crédito à agricultura empresarial. Neste período, a taxa de juros de referência das operações deve ser reduzida de 6,75% para 5,5% ao ano.
Anterior ao plano, o governo já vinha anunciando medidas visando incentivar o crédito que incluísse o setor industrial. Para oferecer crédito à indústria, que responde por cerca de 70% da produção nacional de açúcar e alcool, o governo anunciou no ano passado a criação do Pró-Renova do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), que visa a liberar R$ 4 bilhões para renovação de canaviais.
Contudo, apesar das iniciativas serem incentivadores ao crédito, o diretor-executivo da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açucar), Eduardo Leão, afirma em entrevista à InfoMoney a necessidade de medidas que melhore a competitividade do setor, que vem perdendo espaço nos últimos cinco anos por conta do crescente aumento dos custos de produção. “Precisamos resolver o problema no curto prazo, que é aumentar a competitividade e reduzir os custos de produção para em um segundo momento voltarem os investimentos”, destaca Leão.
Segundo ele, nos últimos cinco anos o custo de produção tem aumentado principalmente pelo valor da mão-de-obra, custos da terra e mecanização do setor. Segundo Leão, um sistema mecanizado consegue no médio e longo prazo reduzir esse custo, mas no curto prazo é mais um agravante.
O diretor explica que nos últimos cinco anos o custo do setor aumentou cerca de 40%, limitando os investimentos em novas usinas. Desta forma, entre os anos de 2006 e 2012, foram construídas 150 novas usinas, sendo 30 delas apenas em 2008. “Já para 2013 o número é zero”, explica. “O setor não está enxergando perspectivas de ganhos claros no futuro e com isso o setor parou de investir”, completa o diretor.
Sorgo sacarino: oportunidade para setor
Além do incentivo ao crédito e a necessidade de redução de custos, o diretor-executivo da Unica lembra uma experiência que, segundo ele, tem potencial interessante de crescimento.
O processo consiste em o produtor, no momento de renovação do canavial, realizar um consórcio com sorgo sacarino para produzir etanol. Desta forma, ele colhe o sorgo um mês antes de começar colher a cana, otimizando o processo industrial.
O cereal cujo período de plantio permite revezamento com as culturas da soja e da cana-de-açúcar, o sorgo, classificado em três tipos, ocupa 1,9 milhão de hectares no Brasil e deve render 324 milhões de toneladas na próxima colheita, a partir de julho, se as estimativas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) se confirmarem.
A divisão de Milho & Sorgo da entidade projeta área de 100 mil hectares, na safra atual, para o tipo sacarino. O suficiente para se acrescentar 300 milhões de litros de etanol à oferta nacional do biocombustível.