Com a entressafra da indústria canavieira, é preciso que haja opções viáveis à cana para produção de etanol, visando a acabar ou ao menos diminuir essa falta do combustível. Por isso, a cultura do sorgo sacarino se apresenta promissora, segundo a Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG).Um trabalho desenvolvido pela unidade com usinas de grande porte tem, desde o ano passado, mostrado bons resultados. Inicialmente, quatro usinas de quatro estados diferentes (São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás) procuraram a empresa em busca de informações sobre o sistema de produção de sorgo sacarino.
De acordo com André May, pesquisador dessa área, todas as usinas ficaram satisfeitas com o retorno que obtiveram. A parceria envolveu também a Embrapa Agroenergia (Brasília-DF). Para a próxima safra, a expectativa é de que mais quatro usinas tornem-se parceiras da empresa nesse trabalho.
Baseados nas demandas de cada usina, os pesquisadores da Embrapa de diferentes áreas levam informações que pudessem ajudar a resolver os problemas, como a construção de um sistema de produção para o sorgo sacarino, de transferência de tecnologia. Atualmente, a Embrapa possui uma cultivar, chamada BRS 506, e prepara para a próxima safra o lançamento de duas outras: a BRS 508 e a BRS 511. Antes da parceria com as usinas, a área plantada com a BRS 506 era praticamente nula; hoje, há cerca de 700 hectares plantados.
De acordo com a Embrapa, as médias conseguidas ficaram entre 40 e 50 toneladas de colmo por hectare e entre 62 e 70 litros de etanol por tonelada de colmo.
Para André May, o sorgo sacarino já é uma opção viável para a produção de etanol, mas apenas na entressafra da cana, como cultura complementar. A expectativa é de que os custos de produção, no segundo ano da parceria com as usinas, caiam, já que agora há mais conhecimento em relação ao manejo do sorgo sacarino. Assim, a lucratividade tende a ser maior do que a verificada no primeiro ano, que chegou a até R$ 1.125,00 por hectare.