A substituição do regime de Saddam Hussein por um governo próximo da Casa Branca pode significar um duro golpe contra o cartel da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e forçar uma nova ordem na indústria mundial do produto.
Com 112 bilhões de barris, as reservas conhecidas do Iraque perdem apenas para as da Arábia Saudita, país com o qual os EUA mantêm uma incômoda relação de dependência. Ao transformar o Iraque numa fonte segura e barata, os EUA conseguiriam reduzir sua dependência da Opep e garantir um preço do petróleo no nível anterior aos tempos do cartel _quando sete grandes companhias privadas (as “sete irmãs”, quatro delas americanas) dominavam o mercado mundial.
Mas representantes do governo e da indústria do setor de energia definem como simplória e equivocada a suposição de que os EUA estejam indo à guerra motivados pelo petróleo iraquiano.
“Se petróleo fosse a motivação, os EUA nunca teriam rompido com Saddam”, disse à Folha John Felmy, economista-chefe do Instituto de Petróleo da América, associação que representa as maiores companhias americanas do setor. “Seria melhor montar uma aliança com o ditador e deixá-lo cometer seus abusos, desde que o fornecimento fosse garantido.”
“Essa guerra tem tudo a ver com petróleo”, discorda Michael Renner, pesquisador do Worldwatch Institute. “Diretamente com petróleo e indiretamente com a balança de poder econômico e político no Oriente Médio.”
Indagado sobre o assunto, o secretário de Estado americano, Colin Powell, disse que os EUA irão “proteger” a soberania dos iraquianos sobre suas reservas de petróleo. “Elas são propriedade do povo iraquiano e serão protegidas e desenvolvidas em benefício do futuro do Iraque.”
(www.folha.com.br).