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Usinas investem R$ 30 mi na entressafra

As 15 usinas de açúcar e álcool da região de Araçatuba movimentam juntas uma economia equivalente a R$ 30 milhões, mesmo no período da entressafra da cana-de-açúcar, entre final de outubro e início de abril. Esse é o investimento previsto para a realização da manutenção de equipamentos da usina, como moendas, caldeiras, fábricas de açúcar, turbinas, redutores, bombas, entre outros.

“A manutenção tem um custo violento para as usinas, mas quem não a faz todos os anos tem prejuízo no faturamento”, afirma o presidente da Udop (Usinas e Destilarias do Oeste Paulista), Luiz Guilherme Zancaner, que é ainda diretor da Unialco, instalada no município de Guararapes. Segundo ele, as destilarias gastam em média R$ 2 milhões apenas para fazer a manutenção dos equipamentos.

Nesse período de seis meses, quando as máquinas ficam paradas, elas costumam ainda fazer os investimentos, cujos valores podem ser ainda maiores que os da manutenção. No ano passado, o investimento da Unialco foi de R$ 6 milhões, além dos R$ 2 milhões com a manutenção.

Neste ano, além dos gastos com a vistoria, troca de peças e reparos necessários, a Unialco, diz Zancaner, investirá R$ 1 milhão no processo de automação da usina.

Já a Destilaria Vale do Tietê S/A, instalada em Araçatuba, vai investir R$ 2,5 milhões apenas na instalação de uma nova caldeira para atender o aumento de 24% na produção, que passará das 750 mil toneladas de cana moída para as 930 mil toneladas.

A empresa investirá outros R$ 2 milhões no trabalho de manutenção, segundo o presidente Olair Felizola de Moraes. O faturamento da empresa no ano passado foi de R$ 40 milhões.

Ele também afirma que a manutenção é rotina obrigatória todos os anos nas destilarias. “Durante a safra as máquinas não páram e o desgate é muito grande”, diz. Na Destivale, afirma, a desmontagem da usina começou no final de outubro, sendo necessária uma semana para isso.

A imponente estrutura das destilarias, que pode ser vista a quilômetros de distância nos campos, é praticamente desmontada. “Vai quase tudo ao chão”, descreve Moraes.

Os funcionários do setor industrial da Destivale começaram a montagem há duas semanas, trabalho que deve ser concluído somente em abril, quando as máquinas voltam a operar a todo vapor.

Muitos equipamentos são transportados de caminhões para as cidades de Sertãozinho e Piracicaba, onde fica o maior centro açucareiro do Estado e onde se concentram as empresas especializadas.

A manutenção das destilarias também é feita na região, embora com menor freqüência, pelas empresas ZBN, de Araçatuba, e Monvil, de Guararapes, que é também fabricante de peças para caldeiras.

A destilaria Alcoazul, também instalada no município de Araçatuba, está investindo R$ 1,5 milhão no trabalho de manutenção, segundo o gerente da área industrial Orlando Evaldo Gea. No ano passado, compara ele, os gastos foram de R$ 1,3 milhão.

A empresa aproveitou que os equipamentos estão parados para fazer a ampliação do setor de evaporação e a implantação do sistema de tratamento de caldo, que irá garantir melhor depuração da matéria-prima. Esses investimentos custarão à empresa R$ 700 mil.

Para esse trabalho, a empresa contratou 15 funcionários, segundo o gerente. Já a manutenção, é feita pelos próprios funcionários do setor industrial da usina.

A Alcoazul também mandou parte de seus equipamentos e máquinas, como turbinas, redutores e bombas, para manutenção nas cidades de Piracicaba e Sertãozinho, mas parte da manutenção, segundo ele, foi feita por empresas da região.

Novas empresas — A necessidade da manutenção anual das destilarias deve favorecer a instalação de várias empresas prestadoras de serviços nesse setor na região de Araçatuba nos próximos anos, prevê o presidente da Udop (Usinas e Destilarias do Oeste Paulista), Luiz Guilherme Zancaner, que é ainda diretor da Unialco.

“A região será transformada em grande pólo produtor de álcool e açúcar”, afirma ele. O presidente da Udop acredita na instalação de novas destilarias e empresas de manutenção na região nos próximos anos.

“Essa região é muita promissora para as empresas que queiram atender as usinas porque a concorrência é ainda praticamente inexistente”, afirma Deovaldo José Senni, proprietário da Monvil, fabricante de peças de caldeiras para usinas e especialista em manutenção de caldeiras.

Após operar quase oito anos em Sertãozinho, a Monvil foi transferida para Guararapes em julho do ano passado justamente para atender um filão ainda inexplorado na região de Araçatuba, segundo Senni. “Sertãozinho já estava abarrotada de calderarias”, diz.

As regiões de Sertãozinho e Piracicaba possui cerca de 150 fábricas de peças de caldeiras para atender as cerca de 200 destilarias operantes ali. Na região de Araçatuba, ao contrário, a Monvil não consegue atender toda a demanda. É por isso, segundo Senni, que muitas destilarias buscam empresas de Sertãozinho e Piracicaba.

A fábrica, com 40 funcionários, fez investimento de R$ 500 mil na unidade de Guararapes, tornando-se pioneira na região na produção de peças para usinas. Outra empresa que se transferiu de Sertãozinho para Araçatuba foi a ZBN Indústria Mecânica, que faz a manutenção da parte mecânica das destilarias. (Folha da Região – Araçatuba/SP )

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