Nesta entrevista exclusiva para o Biodiesel Congress 2012, dois especialistas respondem às questões sobre o futuro do Biodiesel no país: o diretor presidente da Bioverde Biodiesel, Ailton Braga Domingues, e o presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (APROBIO) e diretor presidente da BSBIOS, Erasmo Battistella.
Qual o principal caminho para o crescimento do setor?
AILTON BRAGA DOMINGUES: O Caminho está definido e passa por três situações que se completam: exportações; uso de variadas misturas para frotas cativas, combustível marítimo, aéreo e ferroviário; e aumento de mistura em linha com outros países.
ERASMO BATTISTELLA: A consolidação do marco regulatório do setor, que dê às empresas um horizonte de previsibilidade para se fazer os investimentos, com segurança jurídica e de mercado, isto é, demanda. A indústria, que opera com 55% de ociosidade da capacidade instalada, tem todas as condições de atender até uma mistura de 20% (B20), pois o volume aprovado pela ANP é de 6,7 bilhões de litros. O setor produtivo está pronto para investir quase R$ 30 bilhões, além dos R$ 4 bilhões já investidos, e participar da inclusão de mais de 500 mil famílias de pequenos agricultores, além das 103 mil que já beneficia.
Quais são os principais gargalos que o governo e os produtores devem superar para tornar realidade esse projeto no curto prazo?
AILTON BRAGA DOMINGUES: Os principais desafios são: a) viabilizar o aumento de mistura, sem colocar em risco (em hipótese alguma) o abastecimento; b) as questões ambientais que afetam exportações (balanço efeito-estufa, RED, etc.); c) facilitar o acesso ao selo social e incluir outras culturas (o que deve aumentar substancialmente as famílias beneficiadas); d) discutir os danosos desequilíbrios fiscais na cadeia de produção e comercialização.
ERASMO BATTISTELLA: No momento, o detalhamento técnico se debruça sobre a questão do aumento da mistura de biodiesel no diesel mineral. Se será 7% ou 10%, isso é uma decisão do governo, no âmbito do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. Aos empresários interessa, acima de tudo, a visão de longo prazo, com regras claras. Ou seja, o que queremos para o setor para depois de 2020, quando o Brasil é signatário de compromisso internacional de redução de emissões de gases poluentes? E porque não pensar em 2050, para não ficarmos a todo o momento definindo novos marcos, isto é, operando sempre aos soluços, sem planejamento estratégico? Na verdade, para pensar e planejar no longo prazo, como uma política efetiva de Estado, o ideal seria termos um Ministério de Energias Renováveis, com uma Secretaria de Biodiesel. É o que tenho defendido como membro do Conselho de Competitividade sobre o tema, criado dentro do Programa Brasil Maior, do Governo Federal. Com uma pasta para se dedicar a um setor tão importante e de dimensão superior ao orçamento de vários ministérios, não teremos que ficar tratando tudo de forma fragmentada, em várias instâncias e órgãos, como hoje, quando os processos de encaminhamento do setor tem de passar pelos ministérios da Agricultura, das Minas e Energia, do Desenvolvimento Agrário, da Ciência e Tecnologia, e da Casa Civil, sem falar na ANP.
Quais alternativas seriam viáveis para o desenvolvimento do setor?
AILTON BRAGA DOMINGUES: Vejo como alternativas os avanços tecnológicos em busca do uso de novas matérias primas, o uso de biodiesel (metil ester) como substituto de derivados do petróleo na petroquímica, e finalmente, a criação de instrumentos que façam da agricultura familiar a originadora de oleaginosas e alimentos de forma regional.
ERASMO BATTISTELLA: O mercado externo, por exemplo. Mas ele não deve ser visto como uma alternativa e sim uma realidade presente. A ANP já autorizou 15 usinas a exportar, além de uma série de empresas de trading, até um volume máximo de 4,6 bilhões de litros. Isso é muito mais do que a Argentina, maior produtor mundial de biodiesel, exporta por ano, por exemplo. E com o contencioso do país com a Espanha, devido à nacionalização da petroleira YPF, ex-controlada da espanhola Repsol, todo um novo mercado se abre ao setor. Além do seu mercado interno, a Espanha não deixa de ser uma porta de entrada para a Europa, onde a produção da Alemanha é um fator importante de competitividade. Hoje o Brasil disputa com os alemães o terceiro lugar na produção mundial. Mas já lideramos o mundo no consumo de biodiesel, num ótimo exemplo de compromisso com a sustentabilidade do crescimento econômico. E temos todas as condições de sermos o maior produtor, basta ver nossa capacidade instalada e autorizada. Então, tudo o que queremos é que nos permitam trabalhar e produzir. Uma alternativa concreta é a adoção do biodiesel como combustível do transporte público coletivo nas cidades sedes da Copa do Mundo de 2014. Curitiba já é o exemplo desde 2009, quando começaram a circular em suas ruas os ônibus articulados da chamada “Linha Verde”, com 100% de biodiesel. Hoje são 32 veículos transportando mais de 22 mil passageiros por dia. Até o final do ano a prefeitura local deverá colocar um total de quase 90 ônibus. Porto Alegre e Passo Fundo, no RS, já começaram os estudos para adaptar suas frotas à iniciativa. São Paulo tem uma linha de transportes operando com 20% de biodiesel misturado. A prefeitura da cidade já sancionou lei municipal prevendo 20% de mistura de biodiesel a partir de 2018. No Congresso Nacional tramita lei que amplia a medida para todo o país. (FIM)
Os dois executivos participarão de uma Exclusiva Mesa Redonda no Biodiesel Congress 2012, intuitulada: Consolidação da Indústria do Biodiesel no Brasil e Novas Regras para o Mercado: Estamos Caminhando para uma Mesma Direção?
Participe do Biodiesel Congress 2012 também e reúna-se com os líderes da indústria do Biodiesel no Brasil e no Mundo.
Palestrantes confirmados
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José Honório Accarini, CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
André Grossi Machado, MDA
Eduardo Ieda, BIOPALMA
Bruno Laviola, EMBRAPA AGROENERGIA
Erasmo Carlos Battistella BSBIOS – APROBIO
John Plaza, IMPERIUM RENEWABLES
Alexandre Duarte da Silva, ANP
José Vitor Bomtempo Martins, UFRJ
Randy Cortright, VIRENT
João Norberto Noschang Neto PETROBRAS BIOCOMBUSTÍVEL
John Benemann, BENEMANN ASSOCIATES
Mike Lu, ABPPM
Adilson Liebsch, AMYRIS BRASIL S.A.
José Soler, COPISA
José Luiz Orlandi, IBP
Amaryllis Romano, TENDÊNCIAS CONSULTORIA INTEGRADA
Alfredo Langesfeld, CAER
José Büttner, BIOCAP
Ailton Domingues Braga BIOVERDE BIODIESEL
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Luís Gustavo Vitti, ALL
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Raquel Wayand Soares, ANP
Jens Mesa Dishington, FEDEPALMA
Alexandre Alonso Alves EMBRAPA AGROENERGIA
Valdecir J. Zonin, CÂMARA TEMÁTICA AGROENERGIA – SEAPA RS
Manoel Teixeira Souza Jr. EMBRAPA AGROENERGIA
Nathan Wood LIFE TECHNOLOGIES
José Goldemberg IEE/USP
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O 9º. Biodiesel Congress é uma iniciativa da IBC e da F.O.Licht, com o patrocínio da Petrobras, Basf, Evonik, Life Technologies e Trend Bank. As informações estão no site www.informagroup.com.br/biodiesel e na central de atendimento, pelo telefone 11-3017-6808.
AGENDA:
9º. Biodiesel Congress
Data: 26 a 28 de junho de 2012.
Local: Mercure Grand Hotel Parque do Ibirapuera, Rua Sena Madureira, 1355, São Paulo, SP
Organização: IBC e F.O.Licht, empresas do Informa Group
Informações: 11-3017-6808 ou [email protected]
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