O secretário de desenvolvimento econômico do Estado do Rio de Janeiro, Júlio Bueno, criticou ontem a política de preços de combustíveis no país. Segundo Bueno, a decisão do governo, por meio da Petrobras, de não repassar para o preço da gasolina no mercado doméstico o impacto da variação do preço do barril do petróleo no mercado internacional traz problemas estruturais para a economia brasileira. O secretário ressaltou que o cenário inibe o desenvolvimento dos biocombustíveis, como o álcool.
“Preços distorcidos inibem a competição”, disse Bueno, que participou ontem de seminário sobre combustíveis do Instituto Brasileiro de Executivo de Finanças (Ibef). “O preço [dos combustíveis] tem que ser consequência natural do aumento da produtividade e da eficiência dos meios de produção”, afirmou Bueno.
O diretor de combustíveis renováveis do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Dornelles, admitiu que, ao evitar o aumento excessivo do preço da gasolina no mercado interno, a indústria de etanol pode sofrer algum prejuízo. Mas afirmou que a diferença de preços entre os dois combustíveis em horizonte de longo prazo não apresenta grande defasagem. “A diferença da carga tributária entre o etanol e gasolina diminuiu. Era maior antes, hoje esta menor. Agora, dizer que isso que está matando a indústria do etanol é um exagero de interpretação”, disse Dornelles.
Segundo Dornelles, a atual baixa competitividade do etanol no país é resultado de problemas com as últimas safras e do preço do açucar no mercado internacional. “A política de preços de combustíveis, de forma geral, tem impacto direto no desenvolvimento da economia do país”, disse o diretor do MME. “Sem energia barata o país não se desenvolve”, completou. Já o diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Allan Kardec, afirmou que a agência tem trabalhado para tornar o etanol mais competitivo, o que deve acontecer somente dos próximos dois ou três anos. No entanto, explicou que a ANP não pode comentar a questão de preços dos derivados no mercado, já que não regula esses valores.
O executivo do MME também comentou a dificuldade do país de exportar biodiesel. Segundo ele, o principal entrave é o preço pouco competitivo do biocombustível no país. Algumas medidas pontuais estão sendo estudadas para estimular a exportação, como a retirada de tributações e o oferecimento de crédito de compensação para exportação. “Hoje nós temos capacidade instalada e temos matéria-prima suficiente para poder exportar”, disse. “Faz parte da política do governo estruturar este setor, com capacidade de atender os mercados nacionais e internacionais”, disse Dornelles.