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Em dia mais positivo, dólar cai para R$ 3,31

O dólar voltou a cair ontem, fechando em baixa de 0,51%, cotado a R$ 3,31. A confirmação da captação de US$ 200 milhões pela Petrobrás, anunciada na quarta-feira à noite, e a notícia da compra da Tele Centro Oeste pela Brasilcel foram decisivas para a queda da moeda americana, que chegou a ser negociada a R$ 3,285.

Além disso, a percepção de que a posição do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, sobre a reforma da Previdência está longe de ser unânime no tribunal também reduziu a tensão no mercado. O dólar só não caiu mais porque, no meio da tarde, começaram a surgir notícias de um agravamento da tensão no Iraque que pressionaram o preço do petróleo. O mercado brasileiro reagiu principalmente à informação de que foram encontradas ogivas vazias de armas químicas no país.

O analista Hélio Ozaki, da corretora Finambrás, disse que o mercado começou os negócios de bom humor, animado pela perspectiva de entrada de dólares por causa da captação da Petrobrás e da venda da Tele Centro-Oeste para a Brasilcel, a joint venture formada pela Telefónica e pela Portugal Telecom, por R$ 1,4 bilhão. Durante o dia, no entanto, esclareceu-se que a Brasilcel pagará apenas R$ 260 milhões em dinheiro no curto prazo, e os recursos não virão do exterior. Mesmo assim, a operação foi bem recebida porque indica o interesse de empresas estrangeiras em investir no País.

O diretor-executivo de Tesouraria do Banco Fator, Sérgio Machado, disse que o movimento do dólar mostrou que houve uma correção do pessimismo da quarta-feira. Segundo ele, antes da entrevista de Marco Aurélio, boa parte do mercado acreditava que o governo conseguiria aprovar rapidamente uma profunda reforma da Previdência, expectativa que foi contrariada com as declarações do presidente do STF, levando a uma correção significativa de preços na quarta-feira. Ontem, como ficou claro que há ministros do STF com posições diferentes sobre a preservação de direitos na reforma da Previdência, o humor dos investidores melhorou um pouco.

Em Wall Street, cresce um sentimento mais realista sobre o resultado final para as contas fiscais da reforma da Previdência Social e até sobre a velocidade do avanço dessa questão no Congresso. O estrategista para mercados emergentes do banco JP Morgan, Dráusio Giacomelli, acredita que o balanço final da reforma da Previdência ficará aquém do que o mercado gostaria e aquém do que o Brasil necessita. Para ele, o mercado poderá ficar frustrado com a reforma que passar.

“O mais provável é que os inativos não sejam taxados e que o sistema seja unificado com várias exceções. O resultado final da reforma deverá melhorar as condições de solvência do sistema previdenciário, mas não necessariamente o sistema se tornará solvente.” No curto prazo, Giacomelli não vê um resultado significativo na redução do déficit da Previdência, de 5,5% do PIB.

Para Machado, no entanto, é precipitado adotar uma atitude pessimista sobre o assunto, que foi escolhido como a prioridade do governo PT. Segundo ele, é realmente possível que não saia uma reforma “maravilhosa”, mas ainda é cedo para apostar que o resultado final será frustrante.

O que atrapalhou o mercado no fim do dia foi a notícia de que os inspetores da ONU encontraram ogivas de armas químicas no Iraque, intensificando o temor de eclosão de um conflito no Oriente Médio no curto prazo. Os contratos futuros de petróleo para fevereiro negociados em Nova York subiram 1,36%, para US$ 33,66 o barril. Nesse cenário, o dólar desacelerou a queda, fechando em R$ 3,31, na máxima do dia, mas em baixa de 0,51%.

O movimento também impactou os títulos da dívida. O C-Bond, o papel brasileiro mais negociado, chegou a subir 1,42%, mas encerrou o dia em alta mais modesta, de 0,45%, cotado a 70,563% do valor de face. O risco país, calculado com base em uma cesta de títulos da dívida, recuou 0,5%, para 1.258 pontos. (O Estado de São Paulo)

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