Se o mundo vem sofrendo a ameaça do aquecimento global, a bioenergia é uma forma de mitigar esse risco, pelo fato do Brasil ter uma condição privilegiada para a produção das mais diferentes formas de bioenergias. A afirmação é do diretor da Nascon Agroenergia, Onório Kitayama, assessor comercial de bioeletricidade da BBE, que afirma ainda não ter dúvidas da necessidade do surgimento de políticas públicas que permitam o aproveitamento desse potencial.
Para ele, o país e a energia da biomassa da cana não podem sofrer as consequências dos preços baixos dos leilões, além disso a bioeletricidade deveria ocupar uma posição prioritária dentre as diferentes alternativas existentes entre as energias renováveis. “A justificativa para essa afirmação está ligada ao fato de ser resultado de uma atividade complexa, ligada a produção de outras bioenergias, como o açúcar e etanol. Há toda uma sinergia envolvida no desenvolvimento dessas atividades e abrange desde a produção da cana e diversos segmentos da economia brasileira, como a indústria de defensivos e fertilizantes, máquinas e equipamentos agrícolas e industriais, indústria de caminhões e veículos leves, automóveis, caldeiras e turbogeradores, indústria de logística, com reflexos significativos nas reservas cambiais do país, desenvolvimento do interior do país como consequência da grande geração de empregos nessas regiões, impactando até mesmo o êxodo rural, com uma grande importância no âmbito social”, explica.
Entre as medidas a serem tomadas na esfera política, governamental ou empresarial, Kitayama explica que a base inicial seria rever critérios para medir e comparar os custos, na busca da modicidade tarifária. “Essa medição deveria ser debatida na direção de se estabelecer um critério de medida isonômica entre as diferentes fontes para a medição dos custos, sendo que os custos utilizados não deveriam ser apenas o empresarial, mas sim o custo econômico que considerasse todos os impactos que essa geração provoca na economia do país, além de se considerar um planejamento energético estratégico competente e imparcial, incluindo nesses custos os investimentos necessários em linhas de transmissão, logística de oferta, perdas de carga no transporte e a complementaridade de oferta em relação as outras fontes que compõe a matriz elétrica nacional”, diz.
Para o especialista, a responsabilidade disso não deve ficar apenas com o Governo, pois também cabe aos empresários geradores e fornecedores, desenvolver tecnologias e melhorar os índices de eficiência da geração na busca do aumento de competitividade.
Bagaço de cana se transforma em energia no país