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“É preciso consolidar a imagem de país voltado para negócios”

A Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham-Brasil) organizou uma caravana de cem empresários brasileiros a Washington. Eles devem participar do seminário Brasil-EUA: Parceria para o Século 21, segunda-feira, que deve abrir oportunidades de investimentos. Dilma Rousseff é a convidada especial do evento. Leia trechos da entrevista com o CEO da instituição, Gabriel Rico:

Zero Hora – Os acordos comerciais ficarão em segundo plano na viagem de Dilma?

Gabriel Rico – Acredito que o segundo grande objetivo desta viagem, depois do programa Ciência sem Fronteiras, é transmitir para o meio empresarial americano a solidez da economia brasileira e nossas vantagens competitivas em relação a outros países emergentes, para que se atraia ao Brasil investimentos produtivos. As empresas americanas vivem um momento de altíssima liquidez, então, e las têm recursos para investir. É importante, nessa viagem, consolidar essa imagem positiva do Brasil como um país voltado para o mundo dos negócios, um país que tem vantagens competitivas muito fortes.

ZH – Como fica a questão do etanol?

Rico – Brasil e EUA trabalham para que o etanol se torne um commodity e possa ser comercializado internacionalmente. Isso abre campo para, a médio prazo, exportarmos etanol. Hoje, infelizmente, ao invés de exportar, estamos importando etanol dos EUA. Falta, aqui, etanol para atender a demanda como combustível automobilístico. Os subsídios dos EUA a seu etanol já foram derrubados, o que eliminou um ruído na comunicação entre os dois países. Sempre enfatizamos que as perspectivas de o Brasil exportar etanol para os EUA eram muito pequenas, e a realidade está aí, estamos até importando. Agora, é preciso insistir para que os EUA eliminem os subsídios agrícolas de maneira geral.

ZH – Qual a colaboração da Amcham para complementar o p rograma Ciência sem Fronteiras?

Rico – Estamos fazendo um esforço para complementar o programa, para que os estudantes possam ter experiências, sob forma de estágio, em grandes empresas americanas. Seria fundamental para que eles pudessem vivenciar um ambiente de inovação e de ciência aplicada e voltado para a criação de patentes. É importante trazer isso para o Brasil. Quando as empresas brasileiras inovam, raramente focam em patentes, ao contrário das americanas. Isso significa proteção da propriedade intelectual e fonte de recursos no Brasil e internacionalmente.