Mercado

Usina encerra safra com prejuízo na produção de álcool hidratado

As usinas que se dedicaram à produção de álcool hidratado na safra que se encerrou ficaram no prejuízo, arrastando com elas os seus fornecedores de cana.

A remuneração das usinas com o etanol hidratado ficou em R$ 37,40 por tonelada de cana processada na safra 2011/12, descontado apenas o pagamento da cana -restam mão de obra e demais custos industriais.

O cálculo é de Antonio de Pádua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria da Cana). “Esse valor não remunera nem os custos agrícolas nem os industriais”, diz ele.

Para que a usina consiga manter os investimentos na produção, ela precisa obter uma margem próxima de

R$ 43 por tonelada de cana.

A média do mercado, considerando produção de açúcar e de etanol, ficou em R$ 44 por tonelada de cana.

Já as usinas que produziram açúcar ganharam mais: a margem ficou em R$ 51,60 por tonelada de cana.

Como a maioria produz tanto açúcar como etanol, em geral a margem obtida com o açúcar compensou a baixa remuneração do álcool.

Da produção total de cana do centro-sul, 84% vão para indústrias que podem produzir tanto açúcar como álcool. Outros 14% vão para usinas que só fazem álcool.

PREJUÍZO NO CAMPO

Como o valor da cana pago aos produtores é calculado com base no preço do produto final, os fornecedores para as usinas de álcool também tiveram prejuízo.

Segundo Ismael Pereira Júnior, presidente da Orplana (associação dos produtores de cana do centro-sul), os produtores receberam R$ 63 por tonelada ao destinar a matéria-prima para a produção de etanol hidratado.

Já os fornecedores de cana para a produçã o de açúcar receberam 29% mais, ou R$ 81 por tonelada, em média.

“O valor do etanol não dá sustentabilidade ao preço da cana”, diz Pereira Júnior.

No caso dos produtores agrícolas, o valor mínimo que deve ser obtido para lucrar é de R$ 67 por tonelada.

“Quem vendeu cana para usinas que só fazem etanol ficou no prejuízo”, afirma.

O preço médio pago pela tonelada ficou em R$ 70,42, segundo a Orplana, alta de 22% em relação à anterior.

A melhora deve-se à alta nos preços do açúcar e do álcool anidro, pois a produtividade caiu de 83 toneladas de cana por hectare, na safra 2010/11, para 70 toneladas.

Para o presidente da Orplana, essa distorção na remuneração ao produtor rural ocorre por falta de incentivos ao combustível limpo.

Já o representante das usinas diz que esse problema deve ser resolvido com a busca de maior competitividade e busca de novas tecnologias.

“Não é só o lado da gasolina que atualmente não permite uma remuner ação maior pelo etanol”, afirma Pádua.

Desde 2005, os custos subiram 40% no setor.

Alguns aumentos são pontuais, como os investimentos na mecanização da colheita da cana, mas outros vieram para ficar.

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