Segundo estimativas de analistas do setor sucroenergético, será necessário dobrar a capacidade produtiva das usinas brasileiras até 2020, se o país quiser acompanhar o crescimento do mercado interno e ainda demonstrar fôlego suficiente para exportar aos Estados Unidos, agora que as barreiras tarifárias e os subsídios caíram. “O setor terá que investir cerca de R$ 156 bilhões, o que seria suficiente para a construção de 130 novas usinas. Temos que crescer, mas não será tarefa fácil”, acredita Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única).

Na última safra, foram processadas 555 milhões de toneladas de cana. Projeções indicam que em 2015/2016 serão 886 milhões e até 2020/2021,1,2 bilhão de toneladas de matéria prima. Esse volume deverá ser suficiente para atingir os 40 bilhões de litros de etanol necessários para suprir a demanda interna e quem sabe vender no exterior. “Os Estados Unidos são o maior mercado consumidor de combustíveis mundial e à medida que se abre para a competição, é um sinal importante para que outros países sigam na mesma direção. Pode acontecer com os biocombustíveis o mesmo que ocorreu com o petróleo”, espera Jank.
Já o governo federal trabalha para recuperar até 20% da safra de cana deste ano. Não se espera uma nova quebra , mas se prevê uma safra curta, embora entrem em produção novos canaviais. Porém, o ciclo de crescimento deles é de pelo menos dois anos. Também é esperado um recuo na comercialização de açúcar no mercado internacional. A Rússia, por exemplo, já anunciou que aumentará bastante a produção de açúcar feito de beterraba. Com o aumento da oferta, deverá ocorrer redução de preço do açúcar internacionalmente, o que deverá reduzir o interesse das usinas pelo produto, fazendo com que a safra seja mais alcooleira.
Na verdade, o governo federal espera que o aumento da produção de etanol reduza os preços nas bombas dos postos. No oeste paulista, os preços tanto do biocombustível quanto da gasolina são dos mais altos praticados no Estado. Para Marcos Jank, o etanol perdeu competitividade em relação à gasolina porque ela tem seu preço congelado há seis anos, independente das oscilações no mercado internacional. “O etanol deveria ter o mesmo tratamento, inclusive com a redução de impostos, como ocorre com a Cide sobre a gasolina”, defende.