A determinação das características da caldeira a ser empregada, para gerar o excedente energético que permitirá a cogeração, envolve tanto aspectos técnicos, como econômicos. A quantidade de vapor a ser produzida é dependente da capacidade de processamento de cana e das necessidades do processo.
Segundo Carlos Eduardo Abreu, diretor da EngBoiler Engenharia de Caldeiras, “A escolha da pressão e temperatura do vapor determinam a quantidade de energia que poderá ser cogerada. Teoricamente, quanto maior seu valor, maior será a queda entálpica e consequentemente a energia produzida. No entanto, na prática, há outros fatores a serem considerados, como custos de materiais e acessórios, que podem influir decisivamente na determinação desses parâmetros da caldeira.”
Carlos Eduardo exemplifica,”muitas vezes o aumento de algumas dezenas de graus na temperatura do vapor para se proporcionar um extra na capacidade de cogerar, mas implica em usar tubos de características superiores, que por sua vez chegam a custar o dobro ou ainda mais, como é o caso dos ASTM A-213- P91, quando comparados aos P22 e aos P11, aplicáveis ao superaquecedor”.
Com os acessórios, podem acontecer fatos semelhantes, pois caldeiras que operam com pressão na casa dos 65 bar usam válvulas da classe 900 libras, disponibilizadas por fabricantes nacionais, enquanto que as de 100 bar requerem as da classe 1500 libras ou maior, que em sua maioria são importadas. Portanto, na determinação das características da caldeira, esses aspectos devem ser levados em conta, pois frequentemente um ganho de energia relativamente modesto pode implicar em uma maior necessidade de investimento, o que inevitavelmente provoca um alongamento de seu retorno.