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Abertura dos EUA estimula produzir álcool no exterior

A abertura dos EUA para o álcool importado estimula investimentos na produção de etanol de cana no exterior. A avaliação é de Luiz Osório, vice-presidente de Relações Externas da Raízen (associação entre Cosan e Shell).

A África deve ser o destino mais procurado. “Lá existe um corredor ´duty-free´ (livre de impostos) para exportar para a Europa”, afirmou.

O aumento do custo de produção no Brasil também incentiva projetos fora do país. “Está ficando caro produzir no Brasil, por conta do preço da terra”, disse à Folha.

Alguns grupos brasileiros ensaiam a internacionalização. É o caso da Guarani, que no fim de 2011 anunciou acordo com a Petrobras e com a estatal Petróleos de Moçambique (Petromoc) para produzir etanol naquele país.

A ETH também avalia operar na África e na América Latina e deve encampar uma usina da Odebrecht, sua controladora, em Angola.

De acordo com Osório, oferta abundante e de diferentes origens é um dos requisitos básicos para a transformação do etanol em commodity.

“O consumidor internacional quer ter a confiança de que, se amanhã houver um problema de safra no Brasil, haverá outros mercados para suprir a demanda.”

Produção em larga escala é outra característica de uma commodity, afirmou o executivo. Como hoje o Brasil não consegue produzir nem para o consumo local, a entrada de novos países no mercado ajudaria nesse ponto.

O último requisito seria demanda firme. Para Osório, a preocupação dos países desenvolvidos em diminuir a dependência do petróleo elevará o consumo de biocombustíveis constantemente.

A Raízen quer transformar o etanol em commodity global. Mas, segundo Osório, ainda não há projeto concreto de produção no exterior, embora a empresa esteja “atenta às oportunidades”.