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Criar a maior empresa de energia ainda é só um plano de Eike Batista

Ser dono da maior empresa de energia do Brasil não passa, por enquanto, de uma meta, um objetivo, uma pretensão do empresário Eike Batista. Mesmo com o anúncio da parceria a ser feita com a elétrica alemã E.ON, para se tornar de fato a maior empresa privada do setor a MPX ainda tem um longo caminho a trilhar.

No fim do ano passado, o presidente da empresa, Eduardo Karrer, disse em entrevista ao Valor que o faturamento da empresa chegará a R$ 1 bilhão neste ano, quando entrarem em operação as primeiras usinas termelétricas do grupo. O faturamento bruto esperado, entretanto, ainda está muito distante dos cerca de R$ 20 bilhões registrados em 2010 pela maior empresa privada de energia do país, a AES Brasil.

A lista a ser superada por Eike para chegar ao topo é extensa. De acordo com o ranking “Grandes Grupos” brasileiros – publicado no fim do ano passado e que foi elaborado pelo Valor com base no faturamento bruto das empresas auferido em 2010 -, CPFL Energia, Neoenergia, Endesa Brasil e até o combalido grupo Rede estão muito à frente da MPX.

A própria portuguesa EDP, citada ontem em teleconferência pelo presidente da alemã E.ON, Johannes Teyssen, tem uma atuação e um faturamento muito maiores no país que a MPX. Teyssen disse que a EDP, que a E.ON tentou comprar em Portugal, é muito pequena se comparada à empresa de Eike. Talvez o presidente da E.ON esteja levando em consideração somente a carteira de projetos da MPX, já que efetivamente a EDP faturou R$ 7,7 bilhões, apenas no Brasil, em 2010.

Mas mesmo levando em conta somente os projetos da nova empresa, que somam cerca de 20 GW, o executivo alemão também não deve ter ponderado que seus competidores têm suas próprias carteiras de projetos para também crescer. Os chineses da Três Gargantas, por exemplo, que venceram a E.ON na disputa pela compra de 21,35% da EDP, já anunciaram que vão incrementar a operação brasileira. No último leilão de energia, inclusive, a empresa vendeu 120 MW em parques eólicos.

Além disso, os grupos brasileiros não demonstram que têm qualquer intenção de ficar parados, esperando a MPX chegar ao topo da lista. A CPFL Energia, que faturou R$ 17,5 bilhões em 2010, é uma delas. Criou no ano passado a CPFL Renováveis, com portfólio de 1,5 GW, está em busca de aquisições em distribuição e se prepara para os leilões de grandes hidrelétricas. O mesmo acontece com a Neoenergia que só neste ano vai investir R$ 5 bilhões para erguer um parque gerador que se aproxima ao detido pela GDF Suez no Brasil. Em geração, inclusive, a Tractebel (que pertence à GDF) tem hoje o maior parque com mais de 7 GW já em operação. Por enquanto, a MPX não tem parques expressivos operando e gerando energia. Os 20 GW de portfólio são em sua maior parte de projetos termelétricos, mas cuja viabilidade depende ainda de terem sua energia comercializada e, depois disso, de pelo menos mais dois ou três anos para começarem a gerar energia de fato.

Obviamente, ninguém duvida do poder de fogo da nova companhia de Eike Batista em parceria com a E.ON, uma gigante européia do setor. Se saírem às compras, o caminho será menos longo.

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