O Brasil ainda carece de um trabalho intenso de comunicação que conscientize a sociedade brasileira sobre os benefícios do etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, argumenta o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marcos Jank. Ele participou na terça-feira (22-11) da 11ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, no Grand Hyatt Hotel em São Paulo (SP).
“Acredito que sejam necessárias duas ações para revertermos o processo atual do setor: comunicar à sociedade quem somos e o que produzidos, além de pressionar para que o governo implemente políticas públicas que promovam competitividade do etanol frente à gasolina. Não queremos perder o carro flex, foi ele que nos deu sobrevida,” afirmou Jank.
Pelo segundo dia consecutivo, o executivo apresentou esses argumentos a uma plateia de empresários, executivos e representantes de diversas entidades do agronegócio brasileiro. Na segunda-feira (21-11), Jank apontou a ausência de política públicas adequadas para que o setor tenha competitividade, em apresentação durante o tradicional evento organizado pela UNICA na abertura da Sugar Week 2011.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Fabricação de Álcool e Açúcar de Goiás (Sifaeg/Sifaçúcar), André Rocha, endossa o discurso do presidente da UNICA. “A regulação e intervenção não fazem etanol. O que faz o etanol é a cana e é para ela que precisamos de políticas. Quando o governo começar a enxergar isso, estará no caminho certo. O futuro do etanol depende disso,” afirma.
Mea Culpa
Jank destacou ainda que o setor privado também precisa fazer a sua parte. “Temos que cobrar medidas do governo, mas não podemos deixar de lado as nossas obrigações como indústria ou produtores. Temos que investir em tecnologias e fazer com que a produção da cana aumente, para não sofrermos tanto com a entressafra,” explicou.
Questionado sobre os preparativos para a Rio+20, conferência da ONU que reunirá lideranças mundiais em janeiro de 2012 para discutir como avançar com compromissos amplos de proteção ao meio-ambiente, Jank disse que acredita que dois grandes temas terão destaque nessa oportunidade: a Amazônia e as energias renováveis. Ao mesmo tempo, ele manifestou dúvidas sobre a forma como as energias renováveis serão abordadas.
“É necessário começarmos agora para no ano que vem termos algo concreto para apresentar. E se tem alguém que pode falar desse tema como modelo, esse alguém é o Brasil, que tem 50% de suas energias renováveis. Mas como sermos modelo de algo que não é definido?” questionou. O presidente da UNICA voltou a destacar a importância de ações públicas para estimular a existência das fontes energéticas limpas. “São essas iniciativas que farão com que o setor volte a ser competitivo,” concluiu.
Datagro
A Conferência Internacional Datagro, organizado anualmente pela consultoria Datagro, encerra dois dias de reuniões e debates sobre o futuro da produção de cana. Jank participou do painel “O Posicionamento Estratégico da Indústria Brasileira” ao lado de presidentes de 11 sindicatos regionais do segmento canavieiro: André Rocha (Goiás); Luis Custódio Cotta Martins (Minas Gerais), Miguel Rubens Tranin (Paraná), Piero Parini (Mato Grosso); Roberto Hollanda Filho (Mato Grosso do Sul); Renato Pontes Cunha (Pernambuco); Carlos Gilberto Farias (Bahia); Arlindo Farias (Rio Grande do Norte); Edmundo Barbosa (Paraíba – Álcool); Eduardo Ribeiro Coutinho (Paraíba – Açúcar); e Pedro Robério de Melo Nogueira (Alagoas).