A empresa VTT Brasil, subsidiária da matriz finlandesa VVT, inaugurou em Barueri, SP, um centro de pesquisa voltado ao desenvolvimento de novas tecnologias para biocombustíveis. Um dos objetivos é buscar parceiros brasileiros para desenvolver, a partir de 2012, pesquisas para o uso do bagaço e da palha da cana na produção de etanol.
A criação do centro de pesquisas segue a tendência do uso de novas matérias-primas para produção de etanol, como a biomassa lignocelulósica, além da construção de biorrefinarias integradas, conceito análogo ao das refinarias de petróleo.
De acordo com o CEO da VTT Brasil, Nilson Zaramella Boeta, o novo centro de pesquisa já processa, por exemplo, biomateriais que oferecem possibilidades inovadoras para a criação de embalagens ecoeficientes. “São embalagens facilmente recicláveis e incorporam funcionalidades inteligentes, como indicadores de frescor e aplicações contra falsificação e de reforço da marca”, disse.
Boeta afirma que as biorrefinarias têm capacidade para converter biomassa em uma gama de produtos, com pouco desperdício e baixas emissões atmosféricas. O termo biorrefinaria é aplicado à indústria que transforma materiais brutos de fonte renovável, entre eles, bagaço de cana, palha de cereais, bambu e madeira, em itens de maior valor agregado, como energia e produtos químicos, entre outros.
Processamento de madeiras e fibras, processamento biotécnico e produção de energia são as três frentes de pesquisa da VTT. Nos produtos de madeira, por exemplo, os estudos contemplam a alta durabilidade biológica, o controle da umidade e a resistência aos raios UV. Há também os sistemas antifogo inteligentes e os produtos de madeira moldável.
Já na área de processamento biotécnico, a VTT pesquisa a segregação dos açúcares da biomassa, como o bagaço da cana-de-açúcar ou madeira, utilizados como matéria-prima das indústrias de fermentação, o que inclui o domínio da tecnologia de enzimas.
Na produção de energia, o foco da empresa são as tecnologias de bioenergia para a indústria, como a de papel e celulose, produção de calor e energia, além da produção de biocombustíveis líquidos.
Potencial de crescimento agropecuário do Brasil é atrativo
O Brasil, País imbatível em fontes renováveis de energia, com sol o ano inteiro, grande extensão de terra e knowhow agrícola para utilização de matérias primas. Estas condições favoráveis atraem os olhos do mundo ao maior país da América do Sul. Foi esse potencial de crescimento agropecuário que atraiu a finlandesa VTT.
Terceiro maior instituto de pesquisa da Europa, a VTT possui um faturamento mundial de € 280 milhões e emprega 3,1 mil funcionários. Com atuação na China, Japão, Coréia do Sul, EUA e outros países da Europa, a empresa finlandesa aposta no Brasil para desenvolver pesquisas que pretendem viabilizar o etanol de 2ª geração.
A empresa possui estudos na Europa que utiliza biomassa da madeira para produção de etanol. Para se instalar no Brasil, a VTT contou com a parceria da Kemira, multinacional do setor químico. “Inauguramos o centro de pesquisa no Estado de São Paulo e vamos contribuir com a sociedade empresarial, além de compartilhar nosso conhecimento com institutos de pesquisas locais voltados a biomassas”, disse o CEO da VTT Brail, Nilson Zaramella Boeta.
VTT participa de simpósio sobre papel para embalagem
No início de outubro, a VTT Brasil participou do I Simpósio Latino-Americano de Papel para Embalagem, como parte da programação do 44º Congresso e Exposição Internacional da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP), evento que reuniu os principais gestores internacionais das grandes empresas do setor de Celulose e Papel, além de representantes do governo, pesquisadores e cientistas.
Na oportunidade, a VTT apresentou conceitos sobre os biomateriais inovadores para embalagens, a avaliação de novos materiais em escala piloto, novas tecnologias para agregar valor às embalagens, além de produtos gerados por essa biotecnologia, destinados ao consumidor final.
Segundo a VTT, o volume global de negócios gerados pelo segmento de embalagens em 2010 foi de aproximadamente € 500 bilhões (cerca de R$ 1,23 trilhão). A embalagem é considerada elemento chave da indústria de alimentos e bebidas, cuidados médicos, cosmético, entre outras, além de ser um termômetro da economia, que afeta várias cadeias de valor das empresas.