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Brasil negocia ônibus movido a biodiesel e álcool na Copa da Alemanha

O governo brasileiro negocia com o governo alemão a utilização de ônibus movidos a biodiesel e álcool durante a Copa do Mundo de 2006. A informação é do secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Mauro Mugnani Jr. A Alemanha será o país-sede do próximo campeonato mundial de futebol.

O objetivo da negociação, segundo o secretário, é divulgar o álcool brasileiro como uma alternativa não-poluente e eficaz de combustível para os países europeus. “Vamos escolher duas cidades para servir de projeto-piloto do uso de etanol e biodiesel misturado à gasolina e ao diesel, respectivamente. Cada ônibus levará uma propaganda do álcool brasileiro”.

Pequenos e médios produtores de cana-de-açúcar em todo o País deverão se beneficiar do acordo, acredita Mugnani. Segundo ele, as pequenas usinas também poderão fazer parte da cadeia produtiva de exportação. O secretário participou na tarde desta segunda-feira (28) do seminário “O Futuro das Pequenas e Médias Empresas no Brasil”, promovido pelo jornal Valor Econômico, em São Paulo. Além do secretário, participaram do seminário a ex-ministra Dorothéa Werneck e o diretor de Planejamento e Gestão do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), Gregório Bauer.

Mugnani lembra que as exportações brasileiras atingiram no início de 2005 os US$ 100 bilhões. Segundo ele, a meta estipulada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, é chegar em quatro anos a US$ 150 bilhões. “É importante ressaltar que em 2003 exportamos US$ 63 bilhões”.

Setores promissores

O secretário durante sua exposição elencou 12 setores que podem ser as principais apostas para as empresas brasileiras no exterior: material de transporte (ônibus, aviões, automóveis), produtos metalúrgicos, complexo soja, carnes, químicos, petróleo, máquinas e equipamentos, minérios, calçados e couro, equipamentos elétricos, madeira e papel e celulose.

Entre estes setores, segundo Mugnani, alguns podem ser explorados pelas pequenas e médias empresas brasileiras, como o complexo de soja, na fabricação de óleos (inclusive artesanais), máquinas e equipamentos, calçados e couro e madeira, na forma de móveis e artesanato.

Apostar também em mercados não-convencionais pode ser a saída para quem nunca exportou ou exporta em pequena quantidade. Para o executivo, países como a Libéria, que em 2004 comprou US$ 28 milhões, Sudão, Chipre, Malta, Polônia, Venezuela, Argélia estão cada vez mais interessados nos produtos brasileiros.

Mugnani respondeu às críticas sobre o crescimento das importações no País. “As importações são de vital importância para alguns setores da economia. Por exemplo, estamos prevendo uma safra de 132 milhões de grãos, mas o Brasil ainda é dependente de importações no setor de fertilizantes. Se não tivermos os fertilizantes, não atingiremos a meta”.

Mercado doméstico versus exportação

Também sobre o tema exportação, a ex-ministra da Indústria Comércio e Turismo Dorothéa Werneck afirmou que as pequenas e médias empresas no Brasil tendem a prospectar o mercado doméstico, sem verificar muitas vezes as vantagens do mercado externo.

“A distância entre São Paulo e o Ceará ou a Bahia é a mesma que Santiago do Chile. Em termos de prospecção de mercado não há muita diferença. O que realmente tem de diferente é a necessidade de alguma adequação de catálogo. O IPT ajuda e algumas vezes gratuitamente. Então por que não vender para Santiago?”, pergunta a ex-ministra.

Outro ponto que para a ministra pede a atenção do pequeno empresário é o problema do desconhecimento da concorrência externa. Para isso, segundo ela, a fórmula é participar de feiras não como expositor, mas sim como visitante. “Pegue cartões e prospectos de seus concorrentes. Veja por quanto eles estão vendendo os produtos. Faça a conta para trás. O final da história deve ser: eu vou exportar se der lucro”.

Para Dorothéa, a regra do jogo da exportação é tempo, paciência e persistência. “Estamos em um momento privilegiado da economia brasileira, em que o mercado é de oportunidades no conceito internacional. Então o pequeno empresário deve procurar os mercados não-convencionais e ter a certeza de que quer exportar. Não invente desculpas. Cerca de 20 mil pequenas empresas brasileiras já estão exportando”, estimula.