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Brasil será líder em energia renovável, prevê WWI

O Brasil pode se tornar líder mundial na geração de energia a partir de fontes renováveis, principalmente se investir na produção de álcool a partir de cana-de-açúcar e na instalação de geradores eólicos e solares. O prognóstico é de Christopher Flavin, presidente do Worldwatch Institute (WWI) e um especialista em desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável. Flavin vem ao Brasil para lançar nesta quinta-feira, em Brasília, o relatório anual do WWI, um dos principais centros internacionais de estudos ambientais.

Flavin lembra que o Brasil foi bem-sucedido no passado com o uso de álcool como combustível automotivo e ressalta o potencial do país na área de recursos energéticos renováveis: “A energia eólica é hoje competitiva no custo, ou quase, com as tecnologias de energia mais convencionais. E as células fotovoltaicas são sempre a opção mais barata de eletrificação de comunidades que estão distantes da rede elétrica”, argumenta o presidente do WWI.

No Brasil, Flavin também participará do Fórum de Energias Renováveis, marcado para os dias 29 e 30. “Vou discutir os rápidos avanços que estão sendo feitos no desenvolvimento da energia renovável ao redor do mundo, incluindo o crescimento de dois dígitos na energia eólica e solar. E o que o Brasil pode fazer para se tornar um líder global na energia eólica e solar, assim como já é em biocombustíveis”, antecipa.

O fim das reservas de combustíveis fósseis só deverá se tornar realidade em longo prazo, mas Flavin adverte que o pico da produção de petróleo está previsto para dentro de uma ou duas décadas. E a seu ver, o fato de as reservas estarem longe de terminar não impede a massificação do uso de fontes de energia renováveis em alguns países. “A Dinamarca, por exemplo, hoje obtém cerca de 20% de sua eletricidade do vento. E vários governos de diversas partes do mundo estabeleceram metas ambiciosas para a energia renovável”, diz o pesquisador.

Crítico da gestão de George W. Bush por conta da não-adesão dos americanos ao protocolo de Kyoto, Flavin sustenta que os Estados Unidos deveriam estar liderando um esforço mundial para reverter as mudanças climáticas ocorridas no planeta, ao invés de darem o “um mau exemplo”. Independentemente da posição americana com relação ao Tratado de Kyoto, Flavin destaca que a geração de energia a partir de recursos renováveis se espalha rapidamente pelos Estados Unidos e pelo resto do mundo.

“Muitos Estados americanos estão fazendo grandes progressos na energia renovável, especialmente a eólica, mas também e energia solar e outras, por causa de metas obrigatórias (padrões de portfólio) e incentivos fiscais”, lembra ele. Ao longo da década de 90, a instalação de unidades eólicas de geração de energia cresceu 25,1% ao ano em termos mundiais, enquanto a energia solar se expandiu a uma taxa média anual de 20,1% .

“Tais políticas estão sendo conduzidas por preocupações com as mudanças no clima, em alguns casos, e também por um crescente reconhecimento de que a energia renovável pode fornecer muitos benefícios, incluindo um meio ambiente mais limpo, suprimentos de energia mais seguros e diversificados, melhoria da saúde humana e novos empregos”.

Num artigo intitulado “Desafio à posição americana sobre Kyoto”, o presidente do WWI lembra que as emissões de gases poluentes pelos EUA aumentaram mais de 13% desde 1990, ano-base do Protocolo. Já na Europa, o crescimento limitou-se a 1%.

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