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Associação quer aumentar co-geração em São Paulo

A Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) e a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica) querem aumentar a geração de energia elétrica no estado de São Paulo por meio das usinas de co-geração. Enfrentam, entretanto, o problemas dos custos elevados, tanto do gás natural como da implantação das usinas, além da conjuntura atual que desestimula os investimentos no setor elétrico. Com potencial estimado de gerar entre 5 mil MW e 8 mil MW, com base principalmente em bagaço de cana-de-açúcar e gás natural, o estado produz atualmente cerca de 500 MW em co-geração. Deste total, 400 MW saem das usinas de álcool e açúcar, predominantemente, e o restante é gerado por meio do gás natural.

Para gerar cada MW em uma usina de co-geração movida a gás natural o investimento necessário é de US$ 800 mil. Em uma usina movida a bagaço de cana-de-açúcar ou outro tipo de biomassa, o custo de implantação estimado é de US$ 500 mil por MW. Segundo o gerente da Tractebel Serviços Industriais, Carlos Alberto de Verney Gothe, dos oito projetos de co-geração que a empresa analisou ultimamente, a maioria com base no funcionamento a base de gás natural, somente um com capacidade de geração de 28 MW foi implantado em uma empresa de papel em Santa Catarina. A usina é movida com sobras de madeira.

Entre os usineiros de cana-de-açúcar, o problema para ampliar a co-geração de energia esbarra na conjuntura atual do setor elétrico, com sobra de energia e baixo preço no mercado “spot”, e na falta de regras mais claras que garantam retorno ao investimento e linhas de financiamento. Segundo Onório Kitayama, assessor da diretoria da Unica, atualmente há apenas 390 MW em projetos de co-geração com base em biomassa em processo de outorga na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e somente 75 MW já aprovados pelo órgão. O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa) prevê contemplar 1,1 mil MW de projetos de biomassa.

Fora do “core business”

De acordo com Kitayama, apesar dos descontos de 50 % nas tarifas de conexão, transmissão e distribuição previstos pelo Proinfa, na maior parte das vezes os usineiros preferem investir em ampliação dos canaviais ou na produção de álcool ou açúcar do que na construção de uma planta de co-geração de energia. Segundo Kitayama, por conta da falta de definições sobre a remuneração do investimento que afetam, conseqüentemente, os financiamentos, a indústria canavieira prefere se manter em seu “core business”.

Para tentar aumentar a participação da co-geração na matriz energética paulista, entra em funcionamento no próximo mês a Associação Paulista de Co-geradores de Energia (Cogen), que além da Comgás e Única também tem como fundadores as concessionárias Gas Brasiliano e Gas Natural SPS, a Agência de Desenvolvimento Tietê Paraná (ADTP) e empresas como a Tractebel, Siemens, Dalkia, EnergyWorks e Tec Participações Ltda. Segundo o superintendente de co-geração da Comgás, José Matuzonis, a empresa analisa cerca de 150 projetos de co-geração a gás natural, por meio da Iqara Energy, que também faz parte do grupo British Gas. Matuzonis afirma que atualmente há dez co-geradores a gás em operação na área de concessão da empresa e a expectativa é aumentar em 5 MW neste ano e em 30 MW a 35 MW a capacidade em 2004.

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