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Eficiência operacional reduz custos do CCT

A eficiência operacional do Corte, Carregamento e Transporte — CCT, que absorve pelo menos 29% do custo da matéria-prima, tornou-se uma questão estratégica para ajudar a espantar o “fantasma” da crise. A matemática financeira demonstra que a otimização do CCT é uma necessidade inadiável. Para o coordenador do Grupo de Motomecanização, Humberto Carrara, o caminho, para reduzir custos, é aumentar a eficiência. “O controle das despesas, na maioria dos casos, já está travado. Não há como obter preços menores”, observa. Segundo ele, a qualidade do trabalho executado pelo CCT é que vai dar um novo fôlego de competitividade para a usina.

“A indústria precisa de uma boa matéria-prima para fazer açúcar refinado, invertido ou líquido. A estratégia, nesse momento, é diferenciar a produção para conquistar novos mercados e melhorar o rendimento financeiro. Não dá para conseguir bom preço com o VHP que tem uma grande oferta”, analisa. O funcionário do Corte, Carregamento e Transporte precisa conhecer o processo industrial para constatar como a qualidade da matéria-prima interfere na produção do açúcar, costuma dizer o engenheiro Humberto Carrara.

“Se o açúcar for produzido com terra, as indústrias de alimentos vão devolver o produto. O mesmo acontece devido à contaminação por dextrana e bastonete”, afirma. De acordo com ele, para evitar este problema, o controle da hora de queima torna-se fundamental. “Há dez anos ninguém falava desses contaminantes. Atualmente, acho que o pagamento da cana não deveria ser feito somente em função do teor de sacarose. É preciso encontrar uma fórmula para remunerar ou penalizar pela qualidade. A dextrana e o bastonete podem contaminar todo o caldo”, exemplifica.

As impurezas vegetal e mineral já fazem parte, inclusive, de critérios de pagamentos de produtividade para os trabalhadores do CCT em diversas usinas e destilarias. Esta é uma das recomendações do projeto “Qualidade de cana-de-açúcar”, implantado pela Consmec – Consultoria Mecanização, de Araras (SP) em unidades nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espirito Santo, Goiás, Alagoas, Pernambuco, Amazonas. A prioridade desse trabalho de consultoria é dotar a área agrícola de capacitação técnica para fornecer cana fresca, madura, limpa e despalhada. Esse “sonho”, de muitos gerentes e operadores industriais, torna-se realidade com treinamento de pessoal e a adoção de diversas atitudes e procedimentos agronômicos. O projeto tem conseguido reduzir em até 70% o volume de impureza mineral em usinas.

Em busca da eficiência operacional, o renomado e experiente consultor em Corte, Carregamento e Transporte, o engenheiro agrônomo, Victório Furlani Neto, que é diretor da Consmec, desenvolveu, também, um econômico sistema de transporte de cana-de-açúcar, que utiliza apenas um caminhão para rebocar quatro, seis ou até oito julietas. Essa inovação foi implantada, na safra 2003/04, na Usina Denusa, em Jandaia (GO), que utilizou apenas oito caminhões canavieiros e próprios, marca Mercedes Benz, modelo 2638 (cara chata), no sistema bate-volta.

A Denusa, que fechou a safra com a moagem de 810.000 toneladas de cana, chegou a utilizar no transporte até 75 caminhões, com capacidade de carga de dez toneladas cada um. Em 2002, a frota foi reduzida para 27 caminhões de freteiros. O grande salto de qualidade – e economia – foi dado, no entanto, no ano passado, com a entrada em operação do novo sistema. “As unidades de açúcar e álcool, que fazem o transporte em estradas internas, devem estudar a possibilidade de implantação desse sistema. É bastante vantajoso”, sugere Furlani Neto.

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