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Broca gigante ameaça chegar ao Centro-Sul

A broca gigante, praga que vem infestando os canaviais de Alagoas pode se alastrar para outras regiões do País caso não haja mecanismos eficazes de controle. O alerta é do agrônomo da Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas, Cândido Carnaúba Mota. Segundo ele, a praga pode se alastrar através de sementes transportadas para outras regiões. “O transporte através de meios mecânicos é considerado difícil já que a broca gigante precisa se alimentar”, explica. De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias do Açúcar e do Álcool de Alagoas —Sindaçúcar-AL, Jorge Toledo, a praga afeta cerca de 5% dos 480 mil hectares ocupados com canaviais em Alagoas.

De acordo com Carnaúba, o controle da broca gigante é difícil uma vez que a infestação ocorre no subsolo. Com um ciclo de vida que varia entre 100 e 120 dias, um adulto chega a colocar até 100 ovos por postura. “A praga fica no subsolo, devora o rizoma e sobe pelo colmo até 50 centímetros”, diz. Nesta fase, a broca gigante chega a consumir até 30% da polpa. Segundo ele, as perdas agronômicas e industriais são altas, uma vez que existe a contaminação industrial.

Para combater o problema está sendo criado um grupo de trabalho composto por pessoal da cooperativa, comitê de variedade e fitosanidade, comitê de tratos culturais, técnicos do governo do estado e das usinas além de várias entidades de classe ligadas ao setor canavieiro. Dentre os mecanismos de controle mais utilizados atualmente estão o uso de enxadinhas que expõe o solo onde a broca se localiza; a utilização de espetos (uma espécie de captura manual da broca gigante) nos canaviais afetados e a utilização de produtos químicos.

“O controle mais efetivo, contudo, é o uso de eliminadores de soqueiras. Com isso o solo fica exposto ao sol e a praga não tem como se alimentar. Além disso a broca gigante também fica exposta a ação de inimigos naturais como os pássaros. Em seguida é necessário replantar a área onde foi feito o controle”, observa Carnaúba. Segundo ele, os resultados de controle através desta metodologia chegam a 80%.

A praga costuma ocorrer em locais onde existe uma alta incidência de umidade. As chuvas registradas no estado nas últimas safras favoreceram a proliferação da broca gigante. A praga já havia sido registrada ao longo da década de 80, quando foi controlada após causar muitos prejuízos. De acordo com o Sindaçúcar, as áreas mais afetadas são os municípios localizados nas regiões Centro-Sul de Alagoas onde a safra 2001/02 sofreu atrasos durante o período da colheita em função das chuvas registradas naquele período.

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