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Setor entra em cena como fonte prioritária de energia para o Brasil

O presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), José Inácio de Morais, elogiou as afirmações da ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, durante a segunda edição da Feicana (Feira de Negócios da Agroindústria Sucroalcooleira), realizada na semana passada em Araçatuba, interior paulista. Segundo declarações da ministra, veiculadas nos principais jornais do Brasil, “num País de dimensões continentais e clima tropical como o nosso, que fez o Proálcool nos anos 70, não faz sentido ter os fósseis como fonte prioritária de energia, mas sim como complementar”, explanou. Para José Inácio, com esse aceno, os dirigentes nacionais começam a priorizar um segmento vital para a economia e o desenvolvimento do País.

Entre as fontes renováveis de energia, Dilma Rousseff destacou o álcool como combustível para o uso automotivo e o bagaço da cana-de-açúcar como matéria-prima de termelétricas. A ministra disse que ambos são fontes que tendem a ter importância cada vez maior na matriz energética brasileira. “O Brasil é o único País do mundo que já experimentou sistematicamente o uso do álcool e do bagaço da cana na matriz energética. E, o sucesso do carro flex-fuel, movido a álcool e/ou gasolina, colocou o País na ante-sala da disseminação em massa do combustível, antecipando a entrada do álcool no mercado internacional”, completou.

Para José Inácio, esta foi a primeira vez que a ministra disse ser favorável ao Proálcool e a exportação do produto. Mas, até se chegar a meta da exportação é preciso produzir grandes volumes de álcool e ter o respaldo do programa de substituição do combustível fóssil no país. “O governo e o setor sucroalcooleiro precisam juntar esforços para resolver, primeiro a questão da super produção de cana que fez os preços da matéria-prima baixarem muito em nível nacional e, depois pensar num planejamento estratégico, a médio e longo prazo”, ressaltou o presidente da Asplan.

No evento destinado ao setor sucroalcooleiro, a ministra disse ainda que a favor do álcool estão fatores ambientais, de geração de emprego e renda, de diminuição da dependência do petróleo (e, conseqüentemente das grandes oscilações de preços do combustível fóssil) e, finalmente, da transformação do álcool em uma commodity internacional. Coincidentemente, como já foi informado na Gazeta Mercantil, a New York Board of Trade (Nybot) prepara-se para negociar contratos de álcool nos próximos meses. Da mesma forma, os japoneses demonstraram interesse pelo álcool brasileiro e reformularam suas leis para permitir a adição 3% de álcool anidro em seus combustíveis.

O presidente da Asplan lembra que segundo projeções do grupo de estudos ligado a Câmara Setorial da Cana-de-açúcar, a frota de carros flex-fuel chegará a 300 mil unidades até dezembro deste ano e, em 2010, subirá para 6,32 milhões de unidades. Essa frota, somada à de 16,1 milhões e carros a gasolina e aos 560 mil carros a álcool deverá consumir, em 2010, um total de 16,9 bilhões de litros de álcool carburante, o que representa um aumento de 47,12%, em relação ao consumo previsto para 2004, de 11,5 bilhões de litros. As projeções mostram ainda que, se considerarmos a demanda internacional do combustível, de álcool industrial e o volume do combustível da cana a ser adicionado no diesel ou usado na produção de biodiesel, a demanda saltaria de 13 bilhões de litros, em 2004, para 20 bilhões de litros em 2010, ou seja, um crescimento de 53,85%, nos próximos seis anos.