Mercado

Renato Cunha é otimista com o futuro do setor

O presidente do Sindaçúcar/PE (Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Pernambuco), Renato Cunha, apesar de advertir que “a equação da matriz financeira é que é bastante árdua”, afirma sobre as possibilidades de expansão do setor no Estado. Ele fala ainda sobre a taxa de equalização, que não vendo sendo paga a duas safras em todo Nordeste, revelando que O Governo Federal já nos sinalizou que irá pagar as 2 safras de atraso com recursos da CIDE dos combustíveis.

JC – Como o senhor avalia o desempenho do setor em Pernambuco na atual safra?

Renato Cunha – Em termos operacionais (campo e indústria), considero-os bons. A equação da matriz financeira é que é bastante árdua. Os custos aumentaram muito e as receitas não evoluíram. É preocupante a ausência de programação/planejamento de crescimento da produção no nosso segmento. Ainda estamos longe da obtenção da sustentabilidade financeira nos tempos presente e futuro.

JC – O pagamento da taxa de equalização não vendo sendo feito há duas safras. Como o senhor avalia o problema e o que tem sido feito para equacionar esse impasse?

Renato Cunha – Este é um problema. O Governo Federal já nos sinalizou que irá pagar as 2 safras de atraso com recursos da CIDE dos combustíveis, dentro dos limites “de minimis” da OMC. A taxa, o funding da CIDE o setor ajuda a abastecer/criar. É importante o retorno de parte desses recursos, notadamente para os pequenos fornecedores de canas que integram nosso agricluster e que junto com as usinas e destilarias criam e mantêm mais de 300.000 empregos diretos, sem descaracterização de eficiência. É muito emprego e renda para sofrer desleixo Federal. É questão de custo x benefício e o Governo Lula não pode se dar ao luxo de desestruturar quem emprega na ladeira, na topografia acidentada e que constitui cultura agrícola que não tem, nem apresentou sucedâneo nesses anos todos.

JC – Qual futuro o senhor projeta para o setor em Pernambuco?

Renato Cunha – O nordeste, principalmente Pernambuco, tem fronteiras agrícolas interioranas. Temos mercado interno que vem se tornando consumidor, principalmente no consumo de massa. O que nos falta é infra-estrutura de transportes internos. Com as PPP´s (Parcerias Públicas Privadas) e perspectivas como a transnordestina, iremos nos consolidar como grande fronteira agrícola no oeste (Rio São Francisco). Nossos portos atlânticos são adequados e a nossa região não está saturada. Se o Presidente Lula iniciar a transnordestina em seu Governo (ferrovia), como assegurou em campanha, terá feito pela região mais do que qualquer outro governante. Se a cultura de curtíssimo prazo for desrespeitada, a região, com a integração oeste-leste da ferrovia vai trazer os produtos agrícolas do rio para o litoral e aí a região vai explodir. Está mais perto do que longe. No rio existem solos, água e luminosidade. Falta só infra-estrutura viária e já estamos lutando por ela.

Leia na edição de janeiro do JornalCana Nordeste reportagens sobre os investimentos que estão fazendo as usinas e destilarias nordestinas e ainda qual política de atuação das entidades representativas.