Mercado

No Nordeste, empresários do setor souberam superar crises

Na região nordestina, representada principalmente por Pernambuco, Bahia, Alagoas e Paraíba, reinava a riqueza no período colonial porque a monocultura da agroindústria açucareira pagava todos os custos e cobria todas as necessidades de cada uma das Capitanias. Na época da abolição da escravatura (1888), os engenhos já tinham incorporado praticamente todas as inovações importantes da indústria do açúcar existentes na época em qualquer parte do mundo, e com a abolição, passou a dispor de recursos financeiros que antes eram destinados à compra e manutenção de escravos.

A partir daí surgiu uma nova etapa na indústria açucareira brasileira, com o aparecimento dos chamados “Engenhos Centrais”, precursores das atuais usinas de açúcar e álcool. No século XVII, a exportação de açúcar rendeu quase 200 milhões de libras esterlinas à Cora portuguesa. De 1700 a 1850, a colônia exportou cerca de 450 milhões de arrobas, passando a ser a maior fornecedora mundial de açúcar.

A história do setor sucroalcooleiro no Nordeste, entretanto, traz consigo uma trajetória de desafios e crises. As principais delas ao longo dos séculos foram decorrentes da concorrência com os países mais próximos da Europa, retração do mercado internacional, falta de planejamento administrativo, mão-de-obra sem especialização para realizar os reparos necessários e tecnologia ultrapassada. Mesmo assim, até fins do século XIX a cana-de-açúcar ainda era o principal produto agrícola do País, quando perdeu o posto para o café.

Também foi nesse período que o setor canavieiro nordestino perdeu a primazia para São Paulo, que se favoreceu pelas condições climáticas, solo fértil, topografia plana, preços favoráveis, maior mercado consumidor e mão-de-obra especializada. Ao Nordeste restou o mercado externo. Em 1924 a economia açucareira nordestina atravessou nova crise, provocada pela sensível redução das exportações e pelo aumento da produção açucareira em São Paulo. Foi um golpe fatal e, em muitos casos, a produção nordestina apenas se mantinha graças à intervenção governamental.

Com a criação do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) em 1933, e depois do Proálcool, na década de 70, a cultura canavieira nordestina continuou respirando, mas a situação ainda não era das melhores, principalmente para Pernambuco, que perdeu o posto de segundo maior produtor para Alagoas. Na década de 80, a produção estabilizou-se. Em 1986, por exemplo, a produção nordestina alcançou 70 milhões de toneladas. Mas nos anos 90 e após quatro grandes secas, a desregulamentação do setor e o fim da tutela do governo levaram a produção cair para 40 milhões de toneladas, mas agora volta à casa das 50 milhões de toneladas, depois de investimentos em modernização industrial e agrícola.

Leia reportagem especial e completa sobre a história do setor no Nordeste na edição de dezembro do JornalCana Nordeste.