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Simulações mostram desempenho com gestão diferenciada

Quais são os reais danos acarretados pelas perdas no processo industrial nos resultados econômicos de uma usina? E qual o impacto negativo causado pelos tempos de parada de moagem? Devemos preferir safras longas como forma de diluir os elevados custos fixos ou preferir a excelência das safras curtas? Em quanto se aumenta os lucros quando se processa cana mais rica em açúcares? Deve ser esmagar matéria-prima de terceiros ou priorizar a industrialização de cana de produção própria?

Questões como estas, importantes para executivos e técnicos interessados no sucesso de usinas e destilarias, foram debatidas e analisadas através de sistema de avaliação da agroindústria Systecon desenvolvido pela Chaves Planejamento e Consultoria, e apresentado pelo consultor Ivan Chaves de Sousa, engenheiro agrônomo, mestre em economia pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), campus da USP de Piracicaba (Universidade de São Paulo) durante a Infocana 2003, realizada pelo ProCana na semana passada em Ribeirão Preto (SP).

Para avaliar os impactos destes diversos fatores, ele usou uma usina hipotética, esmagando cerca de 1,3 milhão de toneladas de cana, de produção própria, com 15,30% de ART, em 184 dias corridos de safra, com aproveitamento de tempo de moagem equivalente a aproximadamente 86%, e produzindo a partir deste contingente de cana 1,8 milhão de sacos de açúcar e 46,3 milhões de litros de álcool anidro.

Dentre os principais resultados encontrados, há que se destacar o fortíssimo impacto causado pela qualidade da matéria-prima. Através de simulações fazendo apenas o teor de ART da cana variar, com tudo o mais constante, esta usina incorreria em prejuízo de quase R$ 1 milhão/ano se esmagasse cana com 13,30% de ART, aos invés do lucro de R$ 7,390 milhões/ano com ART igual 15,30. E, se este teor subisse para 16,30%, seria ainda maior o lucro: impressionantes R$ 11,573 milhões/ano. Tamanha sensibilidade constatada entre lucro agroindustrial e a qualidade de matéria prima sinaliza enfaticamente a atenção especial e prioritária que se deve dar a questões como manejo varietal e qualidade da colheita.

Também forte impacto nos resultados da agroindústria analisada foi verificado na questão eficiência de processo. Através da montagem de cinco cenários alternativos, com melhorias progressivas nas diversas etapas do processo produtivo industrial – de lavagem da cana a fabricação de açúcar e destilação do etanol – verificou-se que os ganhos são de fato expressivos. No cenário mais pessimista (perdas mais elevadas), o lucro desta usina se limitaria à casa do R$ 1,0 milhão/ano. Nos cenários mais “ajustados” (ocorrência de menores níveis de perdas industriais), constatou-se lucro igual a praticamente R$ 10,0 milhões/ano no cenário 4 e a expressivos R$ 13,7 milhões/ano no cenário 5.

Nesta mesma linha de raciocínio foram analisados e avaliados cenários confrontando safras longas versus safras curtas, moagem de cana própria versus moagem de cana de terceiros, paradas da moagem, entre outros fatores. Em suma, a importância destas avaliações para o planejamento operacional e estratégico das usinas pode ser traduzida por Patrick L. Townsend & Joan E. Gebhard quando afirmam que “não se pode administrar aquilo que não se pode medir. A medição diz-lhe onde você está e para onde está indo”.

Veja matéria completa na edição de outubro do JornalCana.

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