Mercado

Setor investe na formação de executivos

O poder de fogo das usinas, que é necessário para marcar posição em um mercado cada vez mais competitivo, não se mede exclusivamente por toneladas de açúcar ou milhares de litros de álcool. A preparação e a capacitação dos seus “comandantes”, ou seja, diretores e gerentes tornaram-se “armas” importantes para alcançar determinados objetivos. Pós-graduação, MBA, treinamentos, seminários, dirigidos para a liderança, fazem parte de uma nova estratégia que está invadindo diversas usinas. “Com a desregulamentação do setor, tornou-se necessário investir na preparação de profissionais para acompanhar e entender as mudanças técnicas, econômicas e institucionais que estão ocorrendo no mercado”, observa o economista Arlélio Leite dos Santos, coordenador executivo do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo — Esalq/USP.

Esse programa — conhecido também pela sigla Pecege — oferece várias especializações (Pós-graduação lato sensu). “Esses cursos começaram a ser elaborados a partir de solicitações de associações de classe, que perceberam a necessidade da qualificação para a melhoria do setor”, afirma Arlélio. O primeiro deles, o de Especialização em Comercialização de Comodities do Setor Sucroalcooleiro — que está em andamento —, surgiu a partir de conversações entre a Usinas e Destilarias do Oeste Paulista — Udop e a Esalq. “A Udop queria um programa que abordasse os sérios problemas enfrentados na área de comercialização. O curso foi elaborado visando a preparação de executivos e gerentes para atuarem diante das mudanças econômicas”, diz o coordenador executivo do Pecege

As primeiras turmas surgiram em 2000 nas cidades de Araçatuba (SP) e Maringá (PR) e outra foi formada, no ano passado, em Ribeirão Preto (SP). A quarta turma, que terá o início das aulas no primeiro semestre desse ano, está sendo criada em Recife (PE). Além da Udop, outras entidades participam desse projeto, em parceria com a Esalq, como a Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil — Stab, Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná — Alcopar e Associação Brasileira da Indústria de Álcool — Alco. “O apoio dessas associações tem tornado os cursos acessíveis”, enfatiza Arlélio.

A programação inclui especializações em Gestão e Tecnologia Industrial e Gestão e Tecnologia Agrícola, que terão novas turmas em maio nas cidades de Ribeirão Preto e Maringá. Eles foram iniciados, no ano passado, em Araçatuba. As especializações em Gestão Ambiental e Gestão de Pessoas em Empresas do Setor Sucroalcooleiro estão programadas para maio, em Araçatuba. As inscrições podem ser feitas até 3 de abril. Todos os cursos têm duração de dois anos, com aulas quinzenais, nos finais de semana.

Programas estão sintonizados com a busca da eficiência

“Os programas desses cursos de especialização têm aplicação direta no setor sucroalcooleiro. O foco é bem definido”, ressalta Arlélio Leite dos Santos. Mais de 50 usinas, principalmente dos estados de São Paulo e Paraná, além de Minas Gerais, Mato Grosso e estados do Nordeste, já estão representadas nos cursos em andamento. Entre os objetivos dessas especializações estão a redução de custos e o aumento da competitividade. Em Gestão e Tecnologia Industrial e Gestão e Tecnologia Agrícola, por exemplo, há uma atualização dos participantes em relação às constantes transformações nas estruturas de produção e à crescente necessidade de adoção de novas tecnologias, além disso são abordados temas como engenharia financeira, análise de investimentos, gestão de custos, formação de preços.

“O mercado exige, hoje, das usinas uma eficiência monstruosa”, diz. Na especialização Gestão de Pessoas, existe a preocupação de se estudar modelos sintonizados às novas demandas de produtos e serviços exigidos pelos clientes. Em Gestão Ambiental, o uso racional dos recursos naturais, a conservação e preservação da biodiversidade, a reciclagem das matérias-primas e a redução do impacto industrial são enfocados como importantes e estratégicas oportunidades de negócios e reconhecimento social.

Na busca pela melhoria contínua, algumas usinas estão optando pelos Master of Business Administration — MBAs, cursos de mestrado em gestão de negócios, que eram, geralmente, realizados no exterior. Antes considerado um diferencial, o MBA passou a ser um dos pré-requisitos na formação de lideranças de empresas preocupadas com a eficiência e a qualidade total. A Companhia Energética Santa Elisa, de Sertãozinho (SP), é uma das usinas, que oferecem esses cursos aos seus executivos. Desde agosto, 36 diretores e gerentes participam, na própria Santa Elisa, de um MBA sobre agronegócios – promovido, em parceria com a Fundace, da Universidade de São Paulo — USP. Outros quatros cursos nas áreas agrícola, industrial, administrativa e de recursos humanos serão iniciados neste semestre.

A realização de treinamentos específicos, de curta duração voltados também para as carências e metas de cada usina é outro caminho para o aperfeiçoamento profissional da liderança. A AllQuality, de Ribeirão Preto (SP), sugere e desenvolve alguns seminários, entre os quais, gestão empresarial, análise de competências, quebra de paradigmas e trabalho em equipe a partir de um diagnóstico da situação de cada cliente. “Avaliamos as necessidades da usina e as exigências do mercado”, observa Guilherme Faria, diretor da AllQuality que presta consultoria a 30 empresas do setor sucroalcooleiro. Cada seminário tem um mínimo de 16 horas de duração, podendo chegar a 40 horas como é o caso do treinamento sobre planejamento estratégico.

Serviço

Udop – Araçatuba- SP (18) 623-0528; e-mail: [email protected]

AllQuality – Ribeirão Preto – SP (16) 3911-2046

Banner Evento Mobile