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Safra de cana vai empregar 600 mil até o final do ano

Estimativa é de que 207 milhões de toneladas sejam moídas, 3 milhões a mais do que em 2003 .As 128 usinas de açúcar e destilarias de álcool do Estado de São Paulo, que respondem por 60% da produção brasileira, iniciam a safra 2004/05 com a estimativa de moer 207 milhões de toneladas de cana – 3 milhões a mais que a de 2003. A colheita, manual em 75% das lavouras, manterá 600 mil trabalhadores ocupados até início de dezembro, quando as indústrias param e entram em manutenção para a safra seguinte.

Na região de Jaú, que responde por 17% da produção paulista, algumas empresas já começaram o corte e industrialização e outras iniciarão na próxima semana, absorvendo cerca de 25 mil trabalhadores. Embora a previsão seja de aumento de produção, as chamadas regiões canavieiras tradicionais (Jaú, Piracicaba, Lençóis Paulista, entre outras) devem ter quebra de produção, pela falta de chuva em outubro, quando a cana tem grande crescimento. Mas esse desequilíbrio deve ser compensado pelo aumento da área plantada na região além de Araçatuba, em Goiás e Paraná, levando os produtores a acreditarem que a safra nacional – de 319 milhões de toneladas em 2003 – chegará a 353 milhões. O agrônomo Luís Fernando Martins Auler, da Associação dos Produtores de Cana da Região de Jaú, prevê um ano bom para o setor, levando em conta a safra que se inicia, as perspectivas de mercado crescente para o açúcar e o álcool, além de fatores internacionais como o início da adição de 3% de álcool à gasolina vendida no Japão.

O álcool é consumido internamente por 3 milhões de veículos, na forma hidratada, e é misturado na proporção de 24% da gasolina usada na frota nacional (17 milhões de veículos). O produto também compõe a pauta de insumos das indústria de bebida, produtos químicos e material de limpeza. O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar de cana, exportando-o branco (refinado), cristal e demerara, sendo a Rússia a maior importadora do açúcar brasileiro. Cortadores – Em todo início de safra, a região canavieira enfrenta o problema de “importação de mão-de-obra”. Para Jaú, tem ido grande número de trabalhadores do Vale do Jequitinhonha (MG), da Bahia e outros Estados nordestinos.

Os trabalhadores locais reclamam que a presença dos “estrangeiros” reduz o poder de negociação dos acordos salariais e, algumas vezes, são enganados por empreiteiros que os abandonam no fim da safra, e têm de ser ajudados para ir embora. Para evitar esse problema, os sindicatos de trabalhadores acionaram neste ano o Ministério do Trabalho e a Vigilância Sanitária. Os fiscais foram aos acampamentos verificar as condições de habitação oferecidas aos trabalhadores e o cumprimento das leis trabalhistas.

Hermínio Stefanin, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jaú, disse ter encontrado acampamentos sem condições de salubridade e higiene. “Não podemos impedir que eles (os trabalhadores de outras regiões) venham para cá, mas os que vierem terão de estar dentro da lei para evitar o prejuízo e a falta de vagas para os moradores da região”, disse o sindicalista. Por causa da migração de safra, afirmou, muita famílias mineiras e nordestinas já se mudaram para cidades da região e acabam agravando o problema de falta de emprego principalmente na entressafra.