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Nordeste: Usinas investem no porto para acabar entraves

A última safra de cana-de-açúcar, iniciada no mês de março, foi um marco para a Usina Santo Antônio. Pela primeira vez, a empresa passou a comercializar álcool neutro – um produto mais apurado que o álcool carburante e o hidratado – se tornando a pioneira de sua produção em Alagoas.

O novo produto, que deve obedecer a rígidos critérios de cheiro e sabor, é direcionado sobretudo à indústria fabricante de bebidas e já nasceu com vocação para o mercado externo.

Mas esse álcool, 100% alagoano, terá de cumprir seu destino comercial pelo Porto de Cabedelo, na Paraíba, porque o Porto de Maceió ainda não oferece infra-estrutura específica para operacionalizar o seu transporte aqui no Estado. “Com o transporte adicional de caminhão perdemos em competitividade e diminuímos nossa margem de lucro”, explica João Carlos Maranhão, proprietário da usina. “De cada 270 dólares que negociamos com o metro cúbico do álcool neutro, gastamos 25 dólares em transporte do produto. Isso sem mencionar que, em Cabedelo, a prioridade é escoar a produção das usinas paraibanas”, afirma.

Pensando nessa e em outras melhorias que precisam ser feitas no Porto para atender às novas demandas no setor sulcroalcooleiro de Alagoas, empresários do setor pretendem unir forças para investir em uma ampliação da capacidade existente. Entre as benfeitorias, estão sendo discutidas a construção de quatro tanques de estocagem de 20 mil metros cúbicos, em uma dragagem para aumentar a profundidade do solo marítimo – permitindo que navios de grande porte possam atracar no porto – e a construção de mais duas linhas para embarque de álcool. Atualmente, só há uma no Estado. “Com essas medidas, o porto ganharia mais flexibilidade e eficiência”, diz Domício Arruda Silva, administrador do porto.

A proposta está sendo debatida entre as usinas, a Cooperativa Regional dos Produtores de Álcool e Açúcar de Alagoas, a Petrobras e o próprio porto.

Mas, no que depender do empenho de um pool formado pelos grupos Carlos Lyra, João Lyra, Tércio Wanderley, Santo Antônio, Roçadinho, Leão e Copertrading as melhorias necessárias serão implementadas até a próxima safra, que começa em setembro deste ano. E que ninguém duvide da força destes aliados.

Juntos eles deram início ao processo de exportação de álcool alagoano, há dois anos. Formaram coordenações para descobrir o mercado externo, fazer a comercialização e tornar a logística mais ágil e com preços competitivos. Logo na primeira experiência, venderam 187 milhões de metros cúbicos de álcool para o exterior – cerca de 40% da produção do Estado.

Ano passado, dobraram o volume comercializado. Foram 350 milhões de metros cúbicos exportados, faturando 75 milhões de dólares na transação. “Contribuímos com o superávit do País”, vibra Lenierson Austrilino Silva, gerente-comercial do Grupo João Lyra. “Agora, não descansaremos enquanto não revigorarmos nosso porto”.