Mercado

Rodada de Doha afetará oferta de açúcar

Os setores açucareiros, especialmente nos países em desenvolvimento, poderão ser afetados pela Rodada de Doha, da Organização Mundial de Comércio (OMC). Essa foi a mensagem que o setor açucareiro mandou a participantes do Simpósio Internacional de Adoçantes, em Blaine, Washington.

Simon Harris, ex-funcionário da British Sugar, na Inglaterra, disse que “se houver a liberação total do comércio para o setor de açúcar, muitos países produtores do terceiro mundo serão eliminados, devido aos preços relativamente altos. Os únicos que sairiam ganhando seriam principalmente o Brasil, e mais alguns poucos.”

“Isso seria um desenlace ruim para a Rodada de Desenvolvimento de Doha, da OMC, que no geral almeja beneficiar os países em desenvolvimento com a liberação comercial”, acrescentou Harris.

Ele apontou o Brasil, Austrália e Tailândia como países que expandiram suas exportações utilizando financiamentos do governo e subsídios do etanol (Brasil); refinanciamento de dívida e uma política açucareira doméstica semelhante à da União Européia; e a proteção de um mercado anteriormente fechado, que atualmente financia reestruturações, caso do Austrália.

Robert Johnson II, conselheiro da Comissão Açucareira Dominicana, disse que a implementação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) significará que os setores açucareiros dos Estados Unidos e da República Dominicana serão praticamente extintos por grandes produtores como o Brasil.

Segundo Johnson, “o Brasil, sem dúvida, é a maior ameaça para a continuidade do programa dos Estados Unidos. E o setor de açúcar da República Dominicana não acredita que a comercialização açucareira deva ser um assunto de negociação regional, sub-regional ou bilateral de negociações comerciais mais amplas. A OMC é a única entidade onde podem ser feitas reformas compreensivas e significativas. As tentativas de se fazer essas reformas na área do açúcar em outras entidades poderão ter conseqüências adversas e criar um dano desnecessário”, afirma.

Paul Ryberg, advogado para o Mauritius Sugar Syndicate e a Associação Paraguaia de Açúcar, concordou que o Brasil, Tailândia e Austrália representam um perigo concreto para os países em desenvolvimento do grupo de países África, Caribe e Pacífico (ACP).

“Os setores açucareiros da ACP são moderadamente eficientes, segundo os parâmetros mundiais, mas não sobreviverão à concorrência aberta com o Brasil, Tailândia e Austrália. As economias dos países do ACP irão se desestabilizar com a perda do faturamento das exportações de açúcar”, afirmou Ryberg, durante o evento.

A American Sugar Alliance (ASA) é uma coalizão nacional de produtores, processadores e refinadores de beterraba, cana-de-açúcar e milho para adoçantes.

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