Mercado

No sul do país, situação das estradas eleva custos em até 12%

A situação precária das estradas federais do sul do país está provocando uma elevação no custo operacional dos transportadores entre 8% e 12%. O cálculo é do vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná, Markenson Marques.

Presidente da Cargolift Logística e Transportes, Markenson avalia que, a cada 100 quilômetros rodados, as empresas estão tendo um custo adicional de R$ 30,00. Esse valor corresponde a cada conjunto de cavalo mecânico mais carreta de 3 eixos, com capacidade para 25 toneladas de carga.”Um conjunto desses roda em média 12 mil quilômetros por mês, o que representa um aumento no custo mensal de R$ 3,6 mil, ou R$ 43 mil por ano”, diz. “Em resumo, representa um aumento no custo operacional do caminhão mais carreta entre 8% e 12%”.

O empresário explica que o principal custo adicional está relacionado com o consumo de óleo diesel, em razão dos caminhões não poderem utilizar o piloto automático no trajeto e trafegarem com utilização excessiva dos freios e trocas de marcha. A manutenção corretiva dos pneumáticos e sistemas de suspensão representa outro importante custo extra.

Mapeamento

Para tentar se antecipar aos problemas, a Cargolift fez um “mapeamento” das principais estradas da região, indicando a localização de oficinas especializadas no conserto de molas e de suspensão das carretas. A frota da Cargolift é bastante nova – a média de idade dos caminhões não chega a três anos. Mesmo assim, o número de quebras aumentou três vezes nos últimos meses. Este mapeamento, batizado pela empresa de “Plano de Atendimento Socorro Mecânico”, foi feito após um minucioso detalhamento dos próprios motoristas, que enfrentam o problema “na pele”.

Com todos estes problemas, a Cargolift teve de renegociar com um grande cliente o acréscimo de uma hora no transporte de materiais (transit time) de São José dos Campos (SP) para Gravataí (RS). Essa uma hora a mais, calcula Markenson, significa o acréscimo mensal de 30 carretas para cumprir esta operação. Segundo o empresário, no total são cerca de 1000 carretas a mais, se considerar o total de horas por mês.

Piores trechos

As estradas do sul estão em condições bastante precárias, especialmente no trecho Florianópolis-Torres. O pior trecho está na BR-101 entre Palhoça e Osório – justamente o trecho ainda não duplicado da BR-101, a mais movimentada rodovia catarinense. São cerca de 60 quilômetros. Neste pedaço, dizem os caminhoneiros, “tem que tirar o pé do acelerador senão é morte certa”. Outro trecho muito ruim está na BR-101 na região sul do Rio Grande do Sul, próximo ao município de Mostardas, onde é chamada de “estrada do inferno”. Em São Paulo, a BR-116 tem um trecho bastante ruim de 30 quilômetros na região do Vale do Ribeira, que ainda aguarda uma decisão do Ibama para receber e concluir a duplicação da estrada. No Paraná, a BR-116 (Régis Bittencourt) é a que está em piores condições.

Cargolift

A Cargolift teve um faturamento de R$ 46 milhões em 2006 e projeta dobrar esse resultado nos próximos três anos. A empresa possui doze filiais no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, estrategicamente localizadas nas proximidades das montadoras, entroncamentos rodoviários e áreas portuárias. A transportadora disponibiliza aos seus clientes uma frota com mais de 200 veículos e os sistemas mais modernos para gestão logística. Entre seus clientes estão grupos industriais como a Volvo, Renault, General Motors, Perkins, Dana, Electrolux e Brose.