Mercado

Álcool ‘viajará’ por dutos da Petrobras

As unidades produtoras de álcool intensificam os preparativos para a

conquista definitiva do mercado internacional. Sem deixar de fazer a

“lição de casa”, as usinas e destilarias brasileiras incluem na agenda um item essencial: a logística para o escoamento da produção. Afinal,somente na safra 2004/05, o País deverá exportar de 1,5 bilhão a 2 bilhões de litros. A expectativa é que esse volume chegue a 4 bilhões de litros em três anos. Para acompanhar o provável crescimento acelerado das exportações, os produtores – organizados na Ethanol Trading – e Petrobras Transporte S/A – Transpetro (subsidiária da Petrobras) “amadurecem” uma promissora parceria. O álcool brasileiro iniciará a sua viagem, para o exterior, passando

por linhas de dutos da Petrobras, que disponibilizará toda a sua infraestrutura de armazenagem e transporte nos portos.

Segundo o coordenador de Desenvolvimento de Negócios & Parcerias da Transporte S/A – Transpetro, Emanuel Nazareno Filho, está ocorrendo um aumento de reuniões, envolvendo, por exemplo, áreas de engenharia e de comercialização da empresa, para definir detalhes nos projetos de

construção de alcooldutos. No total, deverão ser investidos por volta de US$ 200 milhões para a construção de novos dutos e o aumento da

capacidade de tancagem. Uma das prioridades da Petrobras é estabelecer

uma saída marítima do álcool pelo Rio de Janeiro. Para isto, o programa entra, de imediato, na chamada fase “zero”, que é a utilização da atual ligação de dutos entre São Paulo e Rio de Janeiro Esta linha, com a capacidade de escoamento de 350 milhões de litros mensais, pode ter metade de sua capacidade destinada para o álcool, o que é suficiente para suprir o volume de exportação desse ano. Nesse sistema, o transporte de etanol será compartilhada com a nafta, havendo necessidade da adoção de alguns procedimentos técnicos para impedir a contaminação.

O gerente-geral de novos negócios, Marcelino Guedes Gomes, estuda com a sua equipe, a finalização do projeto para a implantação da fase 1, que prevê construção de um novo duto de 190 quilômetros, de Paulínia

até Taubaté, para transportar exclusivamente álcool. De Taubaté, o combustível seguirá “viagem” até o Rio de Janeiro pela rota já existente.

Esse projeto – que depende de aprovação da Petrobras – é considerada uma boa alternativa técnica para assegurar a qualidade no escoamento do etanol. “Serão necessários investimentos entre US$ 50 a US$ 70 milhões”, calcula Marcelino.

Fase 2 prevê ligação entre Ribeirão Preto e Paulínia

Os caminhos do álcool pelos dutos da Petrobras podem ir muito mais adiante. A chamada fase 2, motivo de avançadas discussões entre técnicos e executivos dessa parceria, prevê a construção de um alcoolduto de 200 quilômetros, para o escoamento do álcool de Ribeirão Preto até Refinaria do Planalto – Replan, localizada em Paulínia. Até algumas semanas atrás, esse projeto chegou a ser

cogitado como o primeiro no cronograma da empresa, para essa área, devido à importância estratégica da região de Ribeirão. O “pacote”

Transpetro/Petrobras já debate diretrizes para a construção de uma linha de dutos, de 90 quilômetros, interligando Paulínia a Conchas, SP.

Há, ainda, a possibilidade de aproveitamento, nessa região, da hidrovia Tietê-Paraná, que criará condições favoráveis para o transporte até Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Outra rota, que

deverá ser definida posteriormente, é a “viagem” do etanol, da Replan até o litoral paulista – porto de Santos ou de São Sebastião.

De qualquer maneira, a participação da Petrobras nas exportações do álcool brasileiro será bastante positiva para as usinas e destilarias, que serão beneficiadas pela credibilidade e experiência

da empresa nessa área. A Petrobras chegou, inclusive, a cuidar da estrutura logística desse combustível durante o Proálcool – programa criado na década de 70. Para realizar, atualmente, conversações com o setor sucroalcooleiro, a Transpetro elegeu a Ethanol Trading, um pool de usinas que terá a sua criação oficializada em agosto.

O engenheiro de terminais e dutos sênior da empresa, Emanuel Nazareno Filho ressalta que o avanço dessa parceria está vinculado à presença de um interlocutor, que tenha representatividade junto às unidades produtoras de álcool na área de comercialização e exportação.

A Ethanol Trading tem a participação de mais de 200 unidades, das regiões Centro-Sul e do Nordeste, que são responsáveis pela produção de aproximadamente 80% do álcool do País. A negociação com a Transpetro é considerada prioritária pelo presidente da Ethanol Trading, Roberto Gianetti da Fonseca. “A parceria será importante, uma vez que dará maior segurança aos potenciais países importadores”, afirma Gianetti.

Para isto, haverá o suporte logístico da Petrobras que possui estrutura de transporte e armazenagem de combustível nos portos, além das linhas de alcooldutos que serão construídas.

Este e outros assuntos sobre logística e transportes poderão ser conferidos na edição de julho do JornalCana.