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Paranaguá tenta driblar travas a transgênicos

O porto de Paranaguá terá de vencer a falta de tempo e a Justiça para viabilizar o embarque de soja transgênica a partir de 2006. Como o projeto da América Latina Logística (ALL) de construir um terminal específico para organismos geneticamente modificados (OGMs) está parado no judiciário, o superintendente do porto, Eduardo Requião, trabalha com outras alternativas. Ele diz que há mais duas empresas interessadas em investir em estrutura de segregação, mas outra saída começou a ser negociada ontem com a Paraná Operações Portuárias S/A (Pasa), que tem como sócias oito usinas de açúcar e álcool e está concluindo a construção de um silo com capacidade para 120 mil toneladas no porto.

Eduardo Requião teve um encontro pela manhã com Ricardo Rezende, vice-presidente da Alcopar e presidente da Sabarálcool, uma das sócias da Pasa, para pedir que o novo armazém seja usado temporariamente para grãos transgênicos. “A resposta do porto para os outros projetos sairá na próxima semana, mas se as empresas privadas não tiverem tempo hábil para criar a estrutura necessária para o embarque, vou requisitar o armazém da Pasa, que fica pronto em novembro”, disse o superintendente. Rezende prometeu apresentar a proposta aos outros sócios da Pasa, mas saiu da reunião surpreso. “Precisamos avaliar os riscos embutidos e, se isso for feito, terá de ser de forma indolor”. Hoje, a Pasa tem um silo com capacidade para 54 mil toneladas, que começou a operar em 2001, e um berço exclusivo para atracação de navios. Seus embarques em 2005 somarão 1,3 milhão de toneladas. Rezende contou que, para 2006, estão previstas até 2 milhões, por conta da ampliação em curso. No novo armazém estão sendo investidos R$ 40 milhões.

Depois de ter resistido aos transgênicos, o governo do Paraná comprometeu-se a buscar uma saída para o problema. A ALL foi a primeira a apresentar proposta, junto com a Bunge, mas diretores da Sociedade Cerealista Exportadora de Produtos Paranaenses (Soccepar) conseguiram no dia 9 uma liminar que impede a empresa de usar o local que hoje serve como pátio para vagões. A ALL informou que vai recorrer da decisão. Enquanto isso, a Federação da Agricultura do Estado (Faep) entrou na segunda-feira com pedido de agravo para que seja reformado o despacho do Tribunal de Justiça que suspendeu a liminar que também havia sido obtida no dia 9 e que abria Paranaguá aos transgênicos.