Mercado

Novoeste volta a operar com trens noturnos

A ferrovia Novoeste voltou a circular com os trens noturnos que transportam combustíveis no trecho entre Três Lagoas e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, depois de investir cerca de R$ 7 milhões na recuperação da via.

A ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestres) havia proibido o transporte noturno desde agosto do ano passado em função da falta de segurança operacional.

A Novoeste transporta óleo diesel, gasolina e óleo combustível (para caldeiras). Os combustíveis saem da refinaria Replan, em Paulínia (SP), com destino a Campo Grande, onde são descarregados e seguem via rodovia. No total, 40 mil toneladas dos três combustíveis são transportados por mês, sendo 60% de diesel, 30% de gasolina e 10% de óleo combustível.

De acordo com o coordenador da presidência da Novoeste, José Osvaldo Cruz, o trecho entre Três Lagoas e Campo Grande era o mais crítico ao longo dos cerca de 1.300 quilômetros da ferrovia. Entre as obras de recuperação, o trecho passou por troca de trilhos, substituição de dormentes, talas, limpeza e expurgo de lastro e nivelamento das linhas nos perímetros urbanos.

O trecho entre Bauru e Campo Grande, cerca de 830 quilômetros de extensão, vai passar pelas mesmas obras de recuperação do trecho iniciado, com foco na troca de dormentes, além de investimentos na recuperação em pontes, bueiros e viadutos.

Estão previstos R$ 20 milhões de investimentos para a modernização do trecho. “A previsão é que estejamos com toda a via recuperada, entre Bauru e Corumbá (MS), até março do próximo ano”.

ARAÇATUBA – Na região de Araçatuba, segundo Cruz, foram investidos cerca de R$ 600 mil para a recuperação das talas de junção dos trilhos e para o travamento de curvas, com a troca de dormentes.

Estão previstas mais trocas de dormentes, talas, limpeza e expurgo de lastro e recuperação de bueiros e pontes. “De Bauru a Três Lagoas foram feitos serviços pontuais. Agora vamos nos concentrar na região”.

Cruz explicou que as restrições da ANTT foram determinadas até o momento que a Novoeste retomasse os investimentos necessários para recuperar o índice de capacidade da ferrovia para transportar combustíveis.

Depois de algumas dificuldades, em maio deste ano, a empresa obteve os recursos próprios e passou a desenvolver também projetos em parceria com clientes, que prevêem a reforma de locomotivas e vagões e a recuperação da via férrea. “As restrições começaram a ser retiradas em setembro. Tivemos também liberação de alguns pátios para o cruzamento de trens”.

Ferrovia também transporta soja e minérios

O transporte feito pela ferrovia não se restringe a combustíveis. Outros importantes produtos transportados são a soja, o farelo de soja, o açúcar e os minérios de ferro e manganês. “O transporte ferroviário é 25% mais barato que o rodoviário desde que a ferrovia esteja em equilíbrio entre custo operacional e margem de lucro”, afirmou Cruz. Segundo ele, a Novoeste ainda não atingiu o ponto de equilíbrio e investe para atingí-lo.

Segundo o coordenador, o transporte de soja corresponde a 300 mil toneladas/ano, o que significa 25 mil toneladas/mês. Parte do produto, cerca de 40%, é destinada às exportações e o restante sai de Maracaju (MS) para Três Lagoas. Já o farelo de soja segue de Três Lagoas com destino a Santos, para ser exportado. São transportadas 260 mil toneladas/ano, ou 26 mil toneladas/mês.

Cruz afirma que o transporte do açúcar a granel entre Araçatuba e Santos, iniciado neste ano, tem tudo para crescer. A previsão é que para o ano de 2005 sejam transportados cerca de 300 mil toneladas, o que dá 25 mil toneladas/mês.

O transporte do minério de ferro é feito em dois fluxos: de Corumbá para Ribas do Rio Pardo (MT) e de Corumbá para Porto Esperança (MT). São transportados, respectivamente, 400 mil toneladas/ano e 1 milhão de toneladas/ano. A ferrovia transporta ainda minério de manganês entre Corumbá e Bauru, no total de 200 mil toneladas/ano.

A antiga estrada de ferro Noroeste do Brasil foi privatizada em 1996 como Ferrovia Novoeste SA e incorporada, em junho de 1998, à Ferropasa Ferronorte Participações SA. Sua malha liga Corumbá e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, à cidade de Bauru, em São Paulo.

Há dois anos a Novoeste passou a integrar, juntamente com a Ferroban, um corredor ferroviário Corumbá (MS)/Santos, da Brasil Ferrovias, que liga importantes regiões exportadoras do Brasil e da Bolívia ao Porto de Santos.

A Brasil Ferrovias integra, através de suas controladas Ferroban, Ferronorte, Novoeste e Portofer, um sistema ferroviário com 4.500 quilômetros de linhas que cobre os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, serve Goiás e Minas Gerais por meio da Hidrovia Tietê-Paraná, e dois países vizinhos – o Paraguai e a Bolívia.