Mercado

Preço elevado do álcool na bomba amplia margem de lucro

Os caminhos para o repasse da queda no preço do álcool para o consumidor seguem atalhos repletos de justificativas e argumentos. Apesar da queda significativa no preço do produto na usina, que já ultrapassava 30% na primeira semana de maio, o preço do combustível, nas bombas, continua ainda sem uma redução proporcional. Para analistas do mercado nessa área, a explicação é simples e objetiva: a lentidão tem a ver com a tentativa do setor intermediário de comercialização de álcool combustível – composto pelos postos revendedores e distribuidores – em maximizar a margem de lucro por um período mais longo possível.

Para os representantes dos distribuidores, a história não é bem assim. O vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, atribui à existência de estoques do produto o fator responsável pela demora na queda de preço. Segundo Alísio Vaz, para assegurar o abastecimento no final da entressafra, os distribuidores adquiriram grande quantidade do produto no final de março, quando o preço do litro do álcool estava alto, em torno de R$ 1,20. “As vendas em abril foram baixas, aquém da expectativa. Por isso, o estoque impediu uma maior rapidez no repasse. Mas, com o esgotamento desse álcool nas distribuidoras, a queda de preço será cada vez mais acelerada”, enfatiza.

O diretor executivo da BioAgência, empresa de São Paulo, Tarcilo Ricardo Rodrigues, questiona, no entanto, esse argumento por considerar que a formação de estoque para um período em que ocorrerá redução de preço – como ocorre após a entressafra – não é uma prática comum de mercado. Há quem diga inclusive que essa atitude chega a ser motivo de demissão de executivos em qualquer setor. Pagar mais caro por um produto que vai ficar mais barato pode ser uma atitude estranha; porém, tentar ampliar os lucros é considerado um procedimento normal e legítimo pelo diretor da BioAgência. “É uma questão de mercado. A preservação de uma margem de lucro maior, enquanto for possível, não é exclusividade do setor de distribuição de álcool. Isto acontece com toda commodity e mercadoria. Da mesma maneira, o repasse, na alta, é imediato”, analisa.

De acordo com o vice-presidente do Sindicom, Alísio Vaz, o repasse integral e imediato dos aumentos do álcool combustível, durante a entressafra, ocorreram porque os distribuidores precisavam de recursos para a reposição do produto que seria comprado por um preço mais elevado. “Na entressafra, havia necessidade de capital de giro para aquisição do produto. Com início da safra, o setor de distribuição não poderia ficar com o prejuízo, porque adquiriu o álcool com valor mais elevado”, justifica.