Principal estado produtor de cana-de-açúcar do mundo, São Paulo também se destaca pelo cultivo de outras importantes culturas, como café, milho, soja e algodão. “O câmbio valorizado tem beneficiado as exportações brasileiras dos produtos agrícolas”, diz Nelson Batista Martin, coordenador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.
À frente de um dos mais importantes órgãos da Secretaria de Agricultura, o IEA, Martin acredita que a oferta de cana em 2003 deve ser ajustada. “A renovação dos canaviais deve ser menor na próxima safra”, diz Martin. Outras culturas, como soja, têm sido beneficiadas pelo câmbio valorizado sobre o real.
JornalCana: Quais são as perspectivas para o setor sucroalcooleiro?
Nelson Batista Martin: O setor passa por um período de oferta abundante da matéria-prima. O volume, porém, deve ser ajustado na próxima safra.
JC: Há maior abertura para o álcool no mercado internacional?
Martin: Vai levar um tempo para o álcool emplacar no exterior. É preciso uma maior definição dos países sobre a mistura do álcool na gasolina. O Brasil tem tecnologia para oferecer a esses países.
JC: Como deve ficar a área plantada de cana-de-açúcar em 2003?
Martin: A área atual do estado de São Paulo está em 3,100 milhões de hectares, com o avanço da cana sobre outras culturas, como café, pastagens, laranja, quando os preços estavam remuneradores no mercado internacional. Em 1999, por exemplo, a área era de 2,7 milhões de hectares. Acredito que área deve se manter em 3,100 milhões de hectares, diante da menor renovação dos canaviais na próxima safra.
JC: A mecanização deve promover a curto prazo o desemprego em massa no setor sucroalcooleiro?
Martin: Acredito que a mecanização nos canaviais ocorra de maneira lenta. Há um limite topográfico que deve ser levado em consideração e que não permite o uso de máquinas. Cerca de 40% da cana do Estado não pode ser mecanizado. Fizemos uma projeção de que até 2007 cerca de 48 mil empregos serão substituídos.