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Mercado indiano de álcool vira ´negócio da China´

A Dedini S/A Indústrias de Base, de Piracicaba (SP), fechou acordo com a Uttam Sucrotech Limited, de Nova Delhi, na Índia, para a transferência de tecnologia visando a construção de destilarias naquele país. “A Índia possui aproximadamente 500 usinas de açúcar, que não têm o mesmo tamanho das brasileiras.

A produção de álcool na Índia até agora é incipiente. Mas, terá grande impulso com a criação de um “mini proálcool” que prevê misturas gradativas à gasolina, começando com 5% no primeiro ano até chegar aos 20%”, informa Tarcísio Ângelo Mascarim, presidente da DDP Participações S/A, holding que controla a Dedini. Segundo ele, a Uttam acredita que serão construídas por meio dessa parceria aproximadamente 30 destilarias no primeiro ano de vigência do contrato. As plantas industriais das fábricas de álcool deverão ser acopladas às usinas já existentes.

O contrato, assinado em fevereiro, estabelece o pagamento de 5% de royalties para a empresa brasileira por destilaria construída. “O valor de cada uma delas gira em torno de US$ 500 mil, o que deverá representar um faturamento de US$ 25 mil por unidade”, calcula Mascarim. Além disso, a Dedini receberá pela prestação de serviços, incluindo o acompanhamento da implantação de projetos e a realização de treinamentos nos dois países. Um grupo de técnicos brasileiros esteve na Índia, em função dessa parceira, no início de junho quando houve a exposição do projeto de transferência de tecnologia para empresários indianos do setor sucroalcooleiro.

“A primeira destilaria será da própria Uttam, que já possui duas usinas. Terá capacidade para a produção de 30 mil litros por dia. Todas serão de pequeno porte — em comparação às brasileiras —, não devendo ultrapassar 90 mil litros diários”, revela Mascarim, que é também diretor corporativo da Dedini. De acordo com ele, a planta dessa destilaria, que está sendo desenhada no Brasil, poderá ser executada em dois ou três meses, dependendo apenas do interesse dos indianos. Um engenheiro da Dedini acompanhará todas as etapas de construção dessa primeira unidade. O contrato entre as duas empresas tem duração de cinco anos, com possibilidades de renovação.

“A nossa intenção inicial era construir destilarias na Índia, mas chegamos a conclusão que o custo seria muito elevado devido a despesas com transporte e os tributos daquele país. A parceria foi a melhor opção”, acredita o diretor da Dedini. Os objetivos da empresa brasileira — que foi fundada em 1920 — não param aí. a meta é construir, por meio da parceria com a própria Uttam Sucrotech Limited, unidades industriais para países vizinhos. “Queremos caminhar nessa direção. Com a transferência de tecnologia, estamos mostrando o potencial brasileiro no setor sucroalcooleiro. Apesar de não ser uma venda de produtos, estamos exportando serviços”, enfatiza.

Com tecnologia própria, a Dedini fabrica e desenvolve todos os equipamentos e sistemas integrados para usinas de açúcar e destilarias de álcool. As plantas, desenhadas pela empresa, incluem equipamentos de todas etapas da produção industrial, desde a entrada da cana, seu processo de destilação e fabricação de açúcar, até a geração de vapor e cogeração de energia excedente. As mais de 700 destilarias, instaladas no Brasil pela Dedini, são responsáveis por 80% da produção nacional de álcool.

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