Mercado

Álcool volta a ser uma boa opção de investimento

O consumidor brasileiro voltou a se interessar pelo carro a álcool. No ano passado, as vendas triplicaram. Exatamente por isso, o Ministério da Agricultura quer reduzir o percentual do álcool adicionado à gasolina – e diminuir o risco de um desabastecimento.

Paulo Mazo usa muito o carro. Ele é vendedor e comprou um modelo a álcool pensando em economia.

“Encher o tanque a álcool hoje custa R$ 60. À gasolina, isso praticamente dobra”, observa o vendedor.

O carro de Paulo é um dos 56 mil vendidos no ano passado, resultado que se deve também à melhoria do motor a álcool.

“Ele não tem mais falhas, não tem mais entupimentos e ele tem uma potência de 15% a mais do que um carro normal”, explica Naul Ozi, diretor de uma concessinária

As vendas crescem depois de um longo período de queda. Em 86, mais de 70% dos carros produzidos eram a álcool. Em 11 anos, a produção despencou para 0,1%. Foi a morte do Pro-Álcool, atribuída em parte aos usineiros.

“O mercado de açúcar estando bom lá no exterior, eles diminuem a produção de álcool e vai faltar álcool na entressafra”, analisa Tomaz Ripoli, pesquisador USP.

A partir 99, as vendas voltaram a subir e chegaram a 4,3% do mercado no ano passado. Junto com o aumento das vendas vem uma velha preocupação: o desabastecimento.

Para reduzir o risco de faltar álcool no mercado, o Ministério da Agricultura pretende baixar de 25 para 20 a porcentagem de álcool na gasolina. A decisão final cabe ao presidente da República. De acordo com os usineiros, o que houve foi um aumento inesperado do consumo no ano passado.

Os plantadores de cana dizem que, desta vez, vão produzir álcool suficiente, mesmo que fazer açúcar renda mais.

“Nós vamos produzir tanto açúcar quanto for possível depois de assegurado que nós vamos produzir os 12,6 bilhões de litros de álcool que julgamos indispensável para abastecer o mercado”, garante Eduardo de Carvalho, da União Agroindústria Canavieira de São Paulo.

Para voltar a produzir em grande escala, a indústria espera o fundamental.

“Ainda falta um pouco resgatar a confiança do consumidor”, acredita Ricardo Carvalho, da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos.

Sem garantia de abastecimento e de preço competitivo, Paulo não pensaria duas vezes…

“Aí a gente vai ser obrigado a voltar pro carro a gasolina. E isso não quero de jeito nenhum”, afirma o vendendor. ( Jornal Nacional – 20/01)

Banner Evento Mobile